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LIVROS/LANÇAMENTOS
"AS ROSAS INGLESAS"
Convencional e moralista, primeira obra para crianças da cantora lembra contos clássicos europeus
Madonna infantil encanta apenas pelo visual
François Mori - 15.set.2003/Associated Press
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Madonna durante o lançamento de "As Rosas Inglesas", em Paris |
TATIANA BELINKY
ESPECIAL PARA A FOLHA
Há muito tempo, na década
de 70, eu fui colaboradora
da Ilustrada, com duas colunas
semanais de comentários, tipo
"crítica", uma de teatro e outra de
literatura infanto-juvenil.
Mais tarde, depois de fazer uma
porção de outras coisas, sempre
ligadas à criança, convidada em
1985 por uma grande editora, passei a escrever e a ver publicados
meus próprios textos infanto-juvenis. O que significa que, de repente, de "estilingue" virei "vidraça" -alvo da apreciação crítica
dos outros- até hoje.
Qual não foi, pois, a minha surpresa quando recebi um inesperado telefonema da Folha, me pedindo uma matéria sobre um livro infantil que acabara de sair
pela editora Rocco.
Um livro infantil de autoria de
nada menos que... Madonna!
Aquela mesma, cuja megafama
não é exatamente devida à sua
atuação na área infanto-juvenil...
Enfim, nada como um dia depois do outro, e eis-me aqui, numa "recaída", às voltas com um
elegante volume, de vistosa e lustrosa capa dura branca, ilustrada,
como o resto do livro, por Geffrey
Fulrinari, com tradução de João
Ximenes Braga, cuja qualidade
não posso julgar, já que desconheço o original.
O título do livro é "As Rosas Inglesas" -não sei por que, já que a
história não poderia ser mais
americana, apesar de lembrar
bastante os contos de fadas do populário clássico europeu.
Essas "Rosas Inglesas" são quatro garotas típicas da, digamos,
classe média americana, sem nada de muito original. A não ser o
"nó dramático" da história, que é
o crime, ou melhor dizendo a inveja do quarteto, da outra menina, a Binah, que é mais bonita,
mais inteligente, melhor aluna e
melhor esportista do que elas. E
que, apesar dessa "bacanidade", é
uma garota triste e solitária.
O que dá para entender em se
tratando das quatro "Rosas", que,
com medo da concorrência, não
querem nada com ela. Mas não dá
para entender por que as outras
garotas, e principalmente os garotos, não ligam para ela e a deixam
isolada -o texto não explica.
Não vou contar a história toda.
Mas vou contar que, após um sermão da mãe, acontece a interferência de uma rechonchuda e
"disneyana" fada madrinha, que
lhes proporciona um sonho, o
que as faz cair em si e se arrepender da sua injusta mesquinhez.
Isto depois que elas descobrem
que a linda e boa Binah é uma verdadeira gata borralheira na casa
do seu próprio pai -mas sem
madrasta, o que não seria "politicamente correto", claro...
O "happy end" é convencional e
bem moralista. E a história toda
não é nada empolgante: um tanto
espichada e morna. Não pude deixar de me lembrar do que certo
dia me disse uma esperta garotinha de sete anos: livro que não dá
pra rir, não dá pra chorar, não dá
pra ter medo, não tem graça.
E é isso que falta no texto de Madonna -neste livro que não é
ruim nem é bom, antes pelo contrário. Mas, como já disse acima, o
"objeto" livro é elegante, bonito e
atraente. E as muitas ilustrações,
sem nada de genial, são engraçadinhas, bem no espírito do todo.
Tatiana Belinky, 84, é escritora, tradutora e autora de livros infantis como "Um
Caldeirão de Poemas" (2003)
As Rosas Inglesas
Autora: Madonna
Tradutor: João Ximenes Braga
Editora: Rocco
Quanto: R$ 32 (48 págs.)
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