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Tribunal mantém exibição proibida, e advogado do SBT diz que é censura; reprise do "Troféu Imprensa" vai ao ar
Ibope do SBT despenca sem "Domingo Legal"
LAURA MATTOS
CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL
O SBT não conseguiu cassar a liminar que proibia a exibição, ontem, do "Domingo Legal", e o
programa não foi transmitido.
Para preencher o espaço na programação, o canal teve de reprisar
o "Troféu Imprensa", levado ao ar
no dia 15 de junho, e o "Grammy
Latino", de 3 de setembro.
A punição ocorreu em razão de
veiculação, no "Domingo Legal"
do último dia 7, de uma entrevista
com encapuzados que se disseram membros da facção criminosa PCC e fizeram ameaças de
morte a várias personalidades.
Ontem, a queda de audiência foi
drástica para o SBT. Das 15h30,
quando o programa entraria no
ar, até as 20h, a emissora teve 12
pontos de média contra 26 da
Globo. Na semana passada, o
"Domingo Legal" obteve 23 de
média (cada ponto equivale a 48,5
mil domicílios na Grande SP).
O SBT havia entrado com recurso, sábado à tarde, contra a decisão da Justiça Federal, que proibia
a exibição do programa de Gugu
Liberato e estipulava multa de R$
100 mil para descumprimento.
Ontem, Anna Maria Pimentel,
presidente Tribunal Regional Federal (TRF) da 3ª Região, negou o
recurso e manteve a liminar. Sua
decisão saiu por volta das 13h,
duas horas e meia antes do horário de início do "Domingo Legal".
A produção do programa, que
seria ao vivo, estava no SBT, e artistas convidados já haviam chegado à sede da emissora. Após a
negativa do TRF, Gugu teria decidido gravar alguns quadros.
A assessoria do SBT não foi encontrada e a do apresentador não
se pronunciou sobre a sentença.
O presidente da OAB-SP, Carlos
Miguel Aidar, atuou como consultor jurídico do SBT no recurso
e afirmou ter ficado "pasmo" com
a decisão da desembargadora.
"Isso abre um sério precedente
porque é um ato de censura."
Para ele, ao decidir pela proibição, a juíza está censurando um
conteúdo desconhecido, uma vez
que foi proibido um programa
que ainda iria ser exibido. "Acho
lamentável do ponto de vista jurídico e democrático."
A liminar foi requerida pela
procuradora Eugênia Fávero, do
Ministério Público Federal. Para
ela, o "Domingo Legal" abusou
do direito à liberdade de expressão, feriu a ética e fez apologia ao
crime. No recurso, os advogados
do SBT afirmaram que o Ministério Público Federal não teria legitimidade para requerer a liminar
por não estar "protegendo o direito difuso". Defenderam ainda que
a proibição configura censura.
Para a presidente do TRF, as
TVs "têm toda a liberdade na
criação e veiculação de sua programação", porém, devem respeitar princípios constitucionais, como preferência por "finalidades
educativas, artísticas, culturais e
informativas", "valores éticos e
sociais da pessoa e da família".
Para o advogado Marcos Bitelli,
especialista em leis de radiodifusão, esta é a primeira vez que a
Justiça proíbe um programa de ir
ao ar como punição a seu conteúdo, desde a Constituição de 88.
O "Domingo Legal" chega a faturar R$ 750 mil por programa e
fica em média cinco horas no ar.
Ontem, além do "Troféu" e do
"Grammy", foram ao ar "Curtindo uma Viagem" e "Xaveco", de
Celso Portiolli, e reprise do "Programa do Ratinho". No "Troféu
Imprensa", Gugu foi o melhor
apresentador de 2002, e trechos
de seu programa foram exibidos.
Ele terá de depor na quinta no
Departamento de Investigações
sobre o Crime Organizado. Para a
polícia, a entrevista foi forjada.
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