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Quinta Paralela reúne obras de 82 artistas
Diálogo entre os trabalhos é prejudicado por excesso de nomes e amarras da mostra
SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO
Na entrada da Paralela,
um letreiro em néon reproduz uma frase de cinema.
"Nada de mau se perdeu, nada de bom foi em vão."
Regina Parra, conhecida
por suas pinturas, troca de
terreno e busca em "Stalker",
de Andrei Tarkovski, um mote para sua instalação. É uma
rara sensação de frescor nessa que é a mais tradicional
mostra do circuito off-Bienal.
Talvez ofuscada pela edição anabolizada e pós-crise
da exposição no Ibirapuera,
essa Paralela atesta a verdade da frase na entrada.
Nenhum dos maus vícios
dos 82 artistas reunidos ali se
perdeu, nem tudo que fazem
de bom é em vão. São quase
todas obras fortes alinhavadas num circuito pelo curador Paulo Reis, mas é inevitável uma sensação de déjà-vu.
Bancada por galerias paulistanas, que reformaram há
dois anos o Liceu de Artes e
Ofícios, onde acontece a
mostra, a Paralela impõe ao
curador escolher artistas de
todas as casas envolvidas.
Por mais amplo que seja o
projeto, a mostra acaba repetindo e misturando obras que
pouco conversam, num diálogo muitas vezes truncado.
Está contraposta a nova
pintura, de artistas como Tiago Tebet, Mariana Palma, Rafael Carneiro e Rodolpho Parigi, à secura dos cerebrais
Felipe Cohen, Iran do Espírito Santo e João Loureiro.
Num dos galpões, instalações de Sandra Cinto, Laura
Vinci e Thiago Rocha Pitta
desencadeiam um pensamento sobre a paisagem. São
obras que refutam ou fabricam atmosferas paralelas
com ondas, vapores e horizontes movediços de sal.
Esse discurso sustentaria
toda a mostra, mas logo se
embaralha noutros pontos,
como a coerção dos ambientes urbanos, a violência das
metrópoles e a fatura da cor.
André Komatsu, com uma
pilha de tijolos, Lucas Bambozzi e seu puxadinho, Cao
Guimarães com um vídeo do
casamento de uma operária
parecem entrar nesse segundo discurso, mas a leitura sofre quando entre eles existe
uma avalanche de coisas.
Talvez fosse melhor abolir
de todo o conceito e mostrar
só um salão com todos os
bons artistas da cidade. No
letreiro lá fora, a frase continua assim: "Uma luz inunda
tudo, mas deve haver mais".
PARALELA 10
ONDE Liceu de Artes e Ofícios
(r. Jorge de Miranda, 676,
tel. 0/ xx/11/3229-9389)
QUANDO abertura hoje, às 17h;
ter. a sex., 12h às 18h; sáb. e dom.,
10h às 18h; até 28/11
QUANTO grátis
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