São Paulo, Sexta-feira, 22 de Outubro de 1999
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Grupo fala sobre direitos autorais

da Reportagem Local


Pronta para a briga, a banda Ira! critica a indústria fonográfica, fazendo referência a reportagem publicada pela Folha, com críticas de um ex-advogado da Sony e da BMG aos procedimentos das gravadoras em questões como direitos autorais e jabaculê.
"A ausência de nossas músicas das rádios deve ser por falta de jabá. Nos Estados Unidos jabá dá cadeia, aqui é prática corrente", começa Edgard Scandurra.
"Na Warner (primeira gravadora do Ira!), nos queimamos muito por ser contra o jabá. "Lá vêm aqueles malas", eles diziam", continua Nasi.
"E há, por outro lado, o antijabá. Quando saímos de uma das duas gravadoras a que pertencemos, soubemos que um divulgador pediu para as rádios não tocarem a gente porque íamos sair", diz.
Ele parte para a questão da pirataria: "O governo fica fazendo propaganda contra pirataria quando poderia diminuir os insumos e impostos, para baratear os CDs. Aí, sim, se poderia falar em combater pirataria".
Mais: "Eu gostaria de participar de uma campanha pela numeração dos discos. Se fossem numerados, o combate à pirataria seria mais simples. Aí, sim, poderia até participar de alguma campanha contra pirataria. A Warner lançou seis ou sete coletâneas nossas, só invertendo a ordem das faixas. Isso é pirataria".
André Jung faz restrições ao debate sobre direitos autorais: "Toda vez que se discute isso, vão Chico Buarque, Gilberto Gil, Milton Nascimento e Daniela Mercury ao ministro. Isso é a realidade de quem já está consolidado, uma vírgula dos problemas do cenário musical. É um debate elitista, voltado a interesses pessoais de quem vendeu 600 mil discos e acha que está sendo roubado".
Continua: "Isso tira o foco da situação total. A porcaria impera porque a cultura nacional está indo para o buraco, não há educação. Hoje não apareceria Tom Jobim para virar símbolo do Brasil, isso não vale mais nada".
Mais um pouco: "Conversando com os músicos de Gilberto Gil, eles discutem essas questões. O Gil, eloquente como é, não fala uma palavra sobre o assunto".
Problemas pessoais do Ira!? Fala Gaspa: "Quando estávamos na Paradoxx, alguém disse que tínhamos vendido "x" cópias. Pedíamos para ver os números, diziam que não estavam autorizados a fornecer. Quando vieram os papéis, era "x" sobre três".
Nasi continua: "Quando falamos em auditoria, ficaram apavorados, quiseram fazer acordo. A gente tem de engolir o que falam, não há prova de nada. Se houvesse numeração, tudo seria simples". (PAS)


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