São Paulo, terça-feira, 22 de outubro de 2002

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MÚSICA

Erol Alkan, criador da noite Trash, foi eleito o mais inovador pela revista "Muzik", superando Miss Kittin e Marky

Rock consagra DJ em premiação dance

THIAGO NEY
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Ele é escalado para se apresentar em festivais como Homelands, Reading e Glastonbury; discotecou, no início do mês, no Electroclash, evento nova-iorquino dedicado ao electro; é presença constante em casas de Barcelona, Bruxelas, Paris, Berlim..., foi chamado de "o novo Fatboy Slim" pela revista "The Face" e de "o cara que está salvando os clubes ingleses" pelo semanário "New Musical Express".
O homem em questão é o DJ Erol Alkan, e o detalhe que o torna único no meio da dance music: ele toca rock.
Aos 28 anos, esse londrino descendente de turcos teve sua coroação na terça passada, quando foi escolhido como "DJ mais inovador" em premiação da revista britânica "Muzik". Ele concorria, entre outros, com Miss Kittin, diva do electro, e Marky, o badalado DJ brasileiro de drum'n'bass.
"Não concordo [com os elogios da imprensa inglesa], eu realmente não quero salvar os clubes... Eu me importo com a minha noite e com os lugares em que toco, mas não estou lutando uma batalha pelos clubes em geral", disse Alkan à Folha, por e-mail, na tarde anterior à premiação da "Muzik".
Residente da Bugged Out!, supermarca que espalha seus DJs (Dave Clarke, John Carter...) em noites pela Europa, Alkan luta a sua batalha principalmente às segundas-feiras, quando acontece a Trash, noite criada por ele há seis anos, frequentada pelos Strokes, Felix da Housecat e Yeah Yeah Yeahs e sediada no The End, clube com um dos melhores sistemas de som do continente.
Foi na Trash que Alkan popularizou o bootleg -ou bastard pop (em que duas músicas são "sobrepostas"). Sob a alcunha Kurtis Rush, ele criou clássicos como "Can't Get Blue Monday Out of My Head" (Kylie Minogue x New Order). Foi um sopro de criatividade em meio à estagnação trance que domina o Reino Unido.
"Mas eu parei de fazer bootlegs em fevereiro. Acho que o melhor já foi feito. Não me excita mais", afirma. "Eu também recebo um monte de coisas diretamente das bandas, o que mantém o interesse de sempre querer ficar atento para procurar coisas novas."
Em uma pista comandada por Alkan, dança-se hip hop, David Bowie, electro, house, White Stripes... E, acredite, tudo faz sentido.

Trash em CD
Um pouco do clima da noite comandada pelo DJ pode ser conferido em CD. Está sendo lançado neste mês o álbum "Trash Companion", compilação de 12 faixas com músicas de shows de bandas como Moldy Peaches e The Rapture e "clássicos" do clube.
Talvez a melhor definição dada sobre o DJ e sua importância tenha de ser em inglês: "Rock'n'roll that you can dance to, dance music that you can rock to".


TRASH COMPANION - Coletânea organizada pela noite Trash. Importado. Onde encomendar: www.amazon.co.uk. Quanto: R$ 72, em média.




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