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Crítica/"Angel"
Ozon exagera nas tintas românticas
COLUNISTA DA FOLHA
Na filmografia um tanto
excêntrica de François
Ozon ("Sob a Areia", "8
Mulheres"), "Angel" surge como uma obra desconcertante.
Baseado num romance da escritora britânica Elizabeth
Taylor, o primeiro filme de
Ozon falado em inglês mimetiza, não sem ironia, os melodramas de época hollywoodianos
dos anos 30 e 40.
O entrecho: no início do século 20, num lugarejo obscuro
do norte da Inglaterra, Angel
(Romola Garai), filha da merceeira local, escreve compulsivamente histórias românticas.
Sonha tornar-se uma escritora
rica e famosa para poder entrar
num palacete que ela contempla através das grades do portão, a Mansão Paraíso.
Seu sonho logo se realiza: ela
vai para Londres, seus livros
são um sucesso, ela se casa com
um pintor aristocrata e boêmio
etc. A Primeira Guerra Mundial acabará por esfacelar seu
mundo de fantasia.
Ozon conta a história exagerando nas cores irreais do technicolor, no artificialismo das
sobreposições de imagens (algumas cenas beiram o cômico
dos filmes de Ivan Cardoso), na
música melosa, nas frases-feitas dos diálogos.
Resulta daí um romantismo
de segundo grau, influenciado
por Douglas Sirk e matizado
por Fassbinder, chamando a
atenção do público para os mecanismos de construção da fantasia e da emoção.
O filme-referência óbvio é "E
o Vento Levou": Angel está para a Mansão Paraíso como
Scarlet O'Hara está para Tara.
Ambas têm a obstinação egocêntrica que as torna maiores
que a vida.
(JGC)
ANGEL
Direção: François Ozon
Produção: Bélgica/Reino Unido/
França, 2007
Com: Romola Garai, Sam Neil, Charlotte Rampling
Quando: hoje, às 16h10, no Unibanco Arteplex; 30/ 10, às 16h, no Cine
Bombril
Avaliação: bom
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