São Paulo, segunda-feira, 22 de outubro de 2007

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Crítica/"Angel"

Ozon exagera nas tintas românticas

COLUNISTA DA FOLHA

Na filmografia um tanto excêntrica de François Ozon ("Sob a Areia", "8 Mulheres"), "Angel" surge como uma obra desconcertante.
Baseado num romance da escritora britânica Elizabeth Taylor, o primeiro filme de Ozon falado em inglês mimetiza, não sem ironia, os melodramas de época hollywoodianos dos anos 30 e 40.
O entrecho: no início do século 20, num lugarejo obscuro do norte da Inglaterra, Angel (Romola Garai), filha da merceeira local, escreve compulsivamente histórias românticas.
Sonha tornar-se uma escritora rica e famosa para poder entrar num palacete que ela contempla através das grades do portão, a Mansão Paraíso. Seu sonho logo se realiza: ela vai para Londres, seus livros são um sucesso, ela se casa com um pintor aristocrata e boêmio etc. A Primeira Guerra Mundial acabará por esfacelar seu mundo de fantasia.
Ozon conta a história exagerando nas cores irreais do technicolor, no artificialismo das sobreposições de imagens (algumas cenas beiram o cômico dos filmes de Ivan Cardoso), na música melosa, nas frases-feitas dos diálogos.
Resulta daí um romantismo de segundo grau, influenciado por Douglas Sirk e matizado por Fassbinder, chamando a atenção do público para os mecanismos de construção da fantasia e da emoção.
O filme-referência óbvio é "E o Vento Levou": Angel está para a Mansão Paraíso como Scarlet O'Hara está para Tara. Ambas têm a obstinação egocêntrica que as torna maiores que a vida. (JGC)


ANGEL
Direção:
François Ozon
Produção: Bélgica/Reino Unido/ França, 2007
Com: Romola Garai, Sam Neil, Charlotte Rampling
Quando: hoje, às 16h10, no Unibanco Arteplex; 30/ 10, às 16h, no Cine Bombril
Avaliação: bom


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