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Para artistas, pavilhão deve ser repensado
DA REPORTAGEM LOCAL
Afinal, há de fato uma crise
nas bienais e, mais especificamente na Bienal de São Paulo,
ou trata-se de um problema circunscrito, de gestão, e a "Bienal
do Vazio" estaria apenas mascarando essa crise? "Crise?
Acho que isto não afeta a Bienal
de São Paulo porque ela ocupa
um lugar histórico único que
São Paulo e o Brasil não devem
perder de vista", diz o curador
Paulo Sergio Duarte.
Artistas e curadores ouvidos
pela Folha não são consensuais em relação a uma crise de
bienais, mas são consensuais
no que diz respeito ao particular: "A Bienal de São Paulo tal
como existe é uma instituição
desqualificada", diz o curador
Paulo Venancio Filho.
"A nossa crise específica é de
gestão, a Bienal de São Paulo
não foi capaz de criar um modelo de financiamento independente e transparente", diz o
curador Luiz Camillo Osorio,
um dos responsáveis pela mostra "MAM, 60", na Oca.
Para superar essa "crise", Solange Farkas, diretora do Museu de Arte Moderna da Bahia,
propõe que a instituição tenha
que "justificar e aprovar seu
projeto diante de representantes da sociedade, de setores como educação e cultura".
"A crise não é da arte, é da
instituição", diz ainda Marcio
Doctors, que opina no mesmo
sentido de Ana Maria Tavares:
"A arte vai muito bem, obrigada". Para Tavares, que inaugura amanhã mostra na galeria
Vermelho, "não há porque não
fazer uma Bienal ou deixar de
reconhecer sua importância.
Todos nós precisamos dela, inclusive o governo, se souber
entender o significado e o poder da cultura para o país".
A responsabilidade do poder
público também é lembrada
pelo curador do Masp, Teixeira
Coelho. Para ele, a crise tem como um dos motivos "a falta de
suficiente apoio do poder público, que ainda por vezes a assedia numa anacrônica disputa
pelo controle da cultura, não
raro de caráter ideológico"
Espaço
Também é consenso entre os
entrevistados a necessidade de
se repensar o uso do espaço no
pavilhão, um dos temas de "Em
Vivo Contato", que busca nem
mesmo usar paredes para a
mostra. Segundo Beatriz Milhazes, em cartaz na Estação
Pinacoteca, "é pouco humano
organizar uma mostra para um
espaço dessa proporção".
Outra artista também em
cartaz na cidade, na galeria Brito Cimino, Regina Silveira, repensa o espaço de forma um
pouco mais radical: "Tenho
pensado que se deveria terminar com a relação tão fechada e
determinante que a Bienal
mantém com aquele edifício de
Niemeyer, um misto de cubo
branco e grande vitrine que
sempre afeta o seu conteúdo,
sejam desfiles de moda, carros
ou arte contemporânea."
E como pensar a crise das
bienais em São Paulo? Para o
curador Moacir dos Anjos, "esse desafio tem sido enfrentado
desde as duas últimas edições,
com o fim do núcleo histórico e
das representações nacionais".
Não deixa de ser mesmo curioso que, nesta edição da Bienal, que pretende repensar o
modelo, várias propostas da
edição passada, chamada "Como Viver Junto", estejam sendo usadas, como as residências
artísticas, os encontros e seminários paralelos e a inserção de
artistas em publicações.
(FC)
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