Rapper norte-americano faz show hoje em SP e sexta no Rio, dentro do Tim Festival

Com 11 canções, novo disco mostra aproximação de West com o pop e o electro dos anos 1980 e terá faixa em parceria com Beyoncé

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

Kanye West carrega a fama de ter um dos maiores egos da música pop. Mas parece que ele deixou a arrogância nos EUA -ao aterrissar em São Paulo, este que é um dos mais conhecidos rappers do momento mostrou-se simpático e solícito a ponto de fazer uma audição de seu aguardado novo álbum.
West vem ao Brasil como atração do Tim Festival. Ele se apresenta hoje em São Paulo, na Arena de eventos do parque Ibirapuera, e sexta na Marina da Glória, no Rio de Janeiro.
Anteontem, no hotel em que está hospedado, recebeu a imprensa para uma entrevista. Com óculos escuros, moletom com estampa de sorvete de casquinha (uma bola rosa e outra verde), pediu desculpas pelo atraso ("Não sabia que iríamos almoçar tão longe") e fez questão de mostrar "808s & Heartbreak", o quarto disco, que deve sair no final de novembro.
Conectou seu iPhone no equipamento de som da sala do hotel, pediu para que as luzes fossem apagadas e jogou o volume lá no alto. "O que acham? Será que essa música deve começar o disco? Ou a outra?", perguntou aos jornalistas.
"808s & Heartbreak" mostra que Kanye West está se aproximando do pop e do electro dos anos 1980. Se a eletrônica do Daft Punk foi uma influência no álbum anterior, ele conta quem o inspirou agora: "Boy George, Phil Collins, Tears for Fears, Gary Numan".
O disco possui 11 canções, algo econômico se comparado a outros medalhões do rap, que, às vezes, costumam colocar mais de duas dezenas de faixas num disco. "Tenho as idéias e trabalho nelas a fundo. Não faço 20, 25 canções por álbum. Tenho dez, 12 idéias e tento tirar o melhor delas", afirma. "Para quê fazer bonus tracks? O que são bonus tracks? Não faz sentido. Não escrevo bonus tracks, escrevo canções reais."
West é prolífico -em cinco anos, terá quatro álbuns lançados. "Não sei por que os popstars não gostam de trabalhar. Todo mundo trabalha bastante, por que não um popstar? Eu vou ao estúdio quase todos os dias", disse -anteontem à noite, iria a um em São Paulo, trabalhar em uma faixa para o novo disco de Beyoncé.
Sobre o hip hop, sentencia: "O hip hop sempre teve a ver com quebrar as regras. Hoje parece que as pessoas querem que todos sigam as mesmas regras".