São Paulo, sexta-feira, 22 de outubro de 2010

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CRÍTICA DOCUMENTÁRIO

Produção sobre genocídio explora reconstrução psíquica

MORRIS KACHANI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Só o título do documentário "Meu Mundo Acabou em Ruanda" já explica a que veio. Quatro jovens que de uma maneira ou de outra sobreviveram ao massacre que contabilizou 1 milhão de mortes no espaço de cem dias, em 1994, tentam reconstruir suas vidas.
Mas como fazê-lo, se a seu lado convivem os responsáveis pela série de assassinatos e estupros em massa? A jovem diretora alemã Katharina von Schroeder, de 31 anos, colaboradora da BBC, busca alguma resposta.
Histórias de horror não faltam. Para ficarmos em apenas uma, caveiras das vítimas eram utilizadas como sinais de trânsito. Além disso, o filme traz incontáveis contradições. Como, por exemplo, a consciência do agressor de que matando uma pessoa a mais ou a menos não resolveria o conflito. Ou o pensamento de que "se você está vivo, é porque matou os outros".
A ideia original é mostrar o dia a dia dos entrevistados e assim esboçar o que seria o universo psíquico e social da população sobrevivente.
Por isso talvez o repertório de imagens não seja dos mais ricos, no geral captando o depoimento dos personagens em situações corriqueiras.
O filme "Hotel Ruanda" (2004) continua sendo o melhor retrato do que foi o genocídio. Mas "Meu Mundo Acabou em Ruanda" trata de um tema subsequente -e tem seu mérito. Se não encerra o assunto nem traz uma tese esclarecedora sobre o difícil convívio entre vítimas e algozes, ao menos toca na ferida.

MEU MUNDO ACABOU EM RUANDA

DIREÇÃO Katharina von Schroeder
QUANDO hoje, às 19h50, no Espaço Unibanco; amanhã, às 17h50, no Cinema Sabesp; terça (26), às 13h30, no Cinesesc; e sexta (29), às 13h, no Reserva Cultural
CLASSIFICAÇÃO 16 anos
AVALIAÇÃO regular


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