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Morre Altman, 81, o cineasta dos cineastas
Autor de filmes como "M*A*S*H", "Nashville" e "O Jogador", norte-americano influenciou duas gerações de diretores
Feroz crítico de Hollywood, artista foi homenageado neste ano pela Academia com um Oscar especial pelo conjunto da obra
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Cineasta dos cineastas, morreu Robert Altman, aos 81, mais
importante diretor de sua geração ainda em atividade, autor
de clássicos modernos como
"M*A*S*H", "Nashville", "O
Jogador" e "Short Cuts - Cenas
da Vida", que influenciaram pelo menos duas gerações de diretores. Segundo sua produtora,
Altman morreu anteontem à
noite num hospital de Los Angeles, de causa não divulgada
até a conclusão desta edição.
Em março, ao receber um
Oscar honorário pelo conjunto
da obra, o diretor revelou que
há 11 anos havia passado por
um transplante do coração. Na
ocasião, disse: "Recebi o coração, creio, de uma mulher perto
dos 40 anos. Por esse cálculo,
vocês estão me dando esse Oscar muito cedo, porque eu acho
que tenho mais 40 anos de vida
e pretendo usá-los".
Era conhecido por imprimir
um estilo naturalista aos filmes, ao tentar interferir minimamente na atuação dos atores
e fazer poucos cortes. Era sua
marca também passear por diversos plots e subplots, que se
entrelaçavam como numa dança, técnica que encontrou melhor tradução nos contos de
Raymond Carver (1938-1988),
que ele levou às telas em 1993,
com "Short Cuts".
Ácido e irônico, satirizou diversos aspectos da vida norte-americana, da Guerra do Vietnã (em "M*A*S*H") à política
("Nashville") e à moda ("Prêt-à-Porter"). Um de seus principais alvos era Hollywood, especialmente o aspecto industrial
do cinema, que ele reputava
uma atividade artesanal. Vêm
daí suas brigas com estúdios e
produtores, que o fizeram um
quase-marginal.
Sua opinião sobre o meio em
que trabalhava ficou evidente
em "O Jogador", de 1992, sobre
os bastidores dos estúdios, com
um dos planos de abertura mais
longos e famosos do cinema,
que lembra o de outro cineasta
dos cineastas, Orson Welles
(1915-1985), no clássico "Marca
da Maldade" (1958).
Eterno desprezado pela Academia, que o indicou cinco vezes como diretor e duas vezes
seus filmes, o cineasta seria finalmente reconhecido em
2006, com a estatueta honorária. Pode ser indicado postumamente por seu último trabalho,
o elogiado "A Última Noite",
para a premiação de 2007.
Robert Bernard Altman nasceu em 20 de fevereiro de 1925
em Kansas City (Missouri), filho único de corretor de seguros e dona-de-casa descendentes de alemães. Serviu a Aeronáutica como copiloto no final
da Segunda Guerra, período em
que inventou um sistema de
identificação de animais de estimação por tatuagem, que batizou de "Identi-code".
Começou na profissão nos
anos 40 e dirigiu comerciais, telefilmes, documentários, curtas e diversos episódios para séries de TV ("Bonanza" e "Combate", entre outros), até estrear
na direção de um longa para cinema em 1957, com "The Delinquents", que também escreveu e produziu, a um custo de
US$ 63 mil.
Sua aparição no radar da indústria cultural, no entanto, se
daria com "M*A*S*H", que
aceitou dirigir aos 45 anos, comédia aguda sobre uma unidade de médicos na Guerra da Coréia que servia de metáfora para a Guerra do Vietnã.
Além de Michael e Stephen,
que teve com a segunda mulher, Altman era pai de Christine, com a primeira mulher, e
Robert e Matthew, da terceira
mulher, Kathryn Reed, com
quem criou ainda a enteada Connie Altman.
Leia mais sobre Altman no blog Ilustrada no Cinema
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