São Paulo, segunda-feira, 22 de novembro de 2010

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"Sou mais músico do que poeta", afirma Augusto de Campos

Na Balada Literária, autor renega rótulo de "concreto" e canta com a banda do filho

MARCO RODRIGO ALMEIDA
DE SÃO PAULO

"Muito obrigado, mas eu não estou com essa bola toda", riu o poeta Augusto de Campos, após ouvir extensos elogios na Balada Literária.
O escritor foi tema de uma mesa na tarde de anteontem na biblioteca Alceu Amoroso Lima. Campos, que completa 80 anos em 2011, será o homenageado da próxima edição da Balada.
Os que lotaram o auditório do biblioteca encontraram, em vez do mítico criador da poesia concreta, um artista modesto e pouco saudosista.
"A gente tenta fazer o que pode. Sou apenas um pequeno poeta do "ouver'", disse, numa brincadeira com as palavras "ouvir" e "ver" bem típica do concretismo.
Campos lançou o movimento concreto em 1956, ao lado do irmão Haroldo (1929-2003) e de Décio Pignatari. Eles propunham uma poesia basicamente visual, na qual o espaço, seja de uma página de livro, seja de outro suporte, criasse o efeito poético.
Celebrado por seu passado, Campos, no entanto, não quer ficar preso a rótulos.
"Não sou poeta concreto, sou poeta. Os rótulos são importantes até certo ponto, depois viram um peso."
"Hoje já não sei o que sou mais. Talvez seja mais designer ou mais músico do que poeta. Talvez nem fosse poeta se soubesse tocar saxofone", completou.
Após a palestra, o poeta dividiu o palco com a banda de rock do filho, Cid.
Com bastante desenvoltura para um senhor de quase 80 anos, ele interpretou alguns de seus versos musicados pelo filho.


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