São Paulo, Quarta-feira, 22 de Dezembro de 1999


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TELEVISÃO
É o circo do Sérgio Mallandro

TELMO MARINO
especial para a Folha

A casa do Senhor tem muitos aposentos. É o que se propala. Diante da multidão que cabe nos canais abertos da nossa televisão, a idéia que se tem não é nem um pouco pálida. Basta espiar, por exemplo, o que cabe de gente no palco do CNT Gazeta, quando começa, todos os sábados, o programa do Sérgio Mallandro. E só em casa sem criança ainda é surpresa que o Sérgio Mallandro tenha um programa na TV. E como tem! Começa cedo e acaba muito tarde. Isso porque existe a sempre inevitável pausa para as seriedades de praxe.
Em seus primeiros momentos, são tantos os fantasiados de vários tamanhos e tão atordoante o colorido dos muitos balões do cenário que o Sérgio Mallandro acertou ao vestir uma casaca preta com cartola e tudo mais. É o circo do Mallandro. "Enquanto houver uma criança, o palhaço não morrerá." Criança é o que não falta, entrem os palhaços.
É mesmo muita goiabada, marmelada, pernas de fora e decotes grandes para animar. "Hoje é o Dia Internacional do Palhaço!". Haja teleprompter para o Mallandro saudar todos os palhaços sem esquecer nenhum. Ao vivo, estão os palhaços Atchim e Espirro. "A Gazeta é nossa casa", dizem eles, explicando porque nem todos os conhecem. Quando elogiaram o palhaço Picolino, ouviu-se alegria. "Feliz Ano Novo para o Picolino!".
Sérgio Mallandro distribui camisetas. É sua campanha contra as drogas. "Malandro que é Mallandro não usa drogas." O barulho é grande. Mas animar programa é ensurdecer. Entra um conjunto musical que ninguém conhece. A verba deve ser curta. E há mais conjuntos musicais entre o SBT e o CNT do que sonha nossa vã filosofia.
Na hora dos famosos aparece o Jerry Adriani aproveitando a onda "nostra" com uma canção italiana e o Alexandre Frota para integrar um júri não muito ilustre. Escolhem calouros, votam nesse e naquele. Tudo bem baratinho. "Amigo é a melhor coisa que existe", bradam com emoção de quem precisa do artigo. É hora de calouros infantis. Quem for mamãe e papai que se emocione.
Muitas horas depois, volta o Mallandro mais à vontade com o que poderia ser o traje informal de um palhaço. Agora tem muito mais garota sedutora do que no horário infantil. São as Mallandrinhas. "É pra liberar. Liberar geral." Liberar o quê? "Se você estivesse de bobeira e alguém o convidasse para dar uma bimbalhada?". Não queiram saber das respostas. Sérgio Mallandro só tem barulho para divertir. Não basta.
O clip de uma visita a Miami foi um desastre. Ninguém se interessou pelo Brasil. Quem sabe o equilibrista no palco? Para circo, ele é muito bom. "Aplaudam o equilibrista". Silêncio total. Não existe platéia noturna nesse show. Mostram artistas de rua em gravação. Que indigência. Show de pegadinhas? Todas desastrosas. Que saudades do meu Faustão.Até domingo.


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