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TELEVISÃO
É o circo do Sérgio Mallandro
TELMO MARINO
especial para a Folha
A casa do Senhor tem muitos
aposentos. É o que se propala.
Diante da multidão que cabe nos
canais abertos da nossa televisão,
a idéia que se tem não é nem um
pouco pálida. Basta espiar, por
exemplo, o que cabe de gente no
palco do CNT Gazeta, quando começa, todos os sábados, o programa do Sérgio Mallandro. E só em
casa sem criança ainda é surpresa
que o Sérgio Mallandro tenha um
programa na TV. E como tem!
Começa cedo e acaba muito tarde. Isso porque existe a sempre
inevitável pausa para as seriedades de praxe.
Em seus primeiros momentos,
são tantos os fantasiados de vários tamanhos e tão atordoante o
colorido dos muitos balões do cenário que o Sérgio Mallandro
acertou ao vestir uma casaca preta com cartola e tudo mais. É o circo do Mallandro. "Enquanto houver uma criança, o palhaço não
morrerá." Criança é o que não falta, entrem os palhaços.
É mesmo muita goiabada, marmelada, pernas de fora e decotes
grandes para animar. "Hoje é o
Dia Internacional do Palhaço!".
Haja teleprompter para o Mallandro saudar todos os palhaços sem
esquecer nenhum. Ao vivo, estão
os palhaços Atchim e Espirro. "A
Gazeta é nossa casa", dizem eles,
explicando porque nem todos os
conhecem. Quando elogiaram o
palhaço Picolino, ouviu-se alegria. "Feliz
Ano Novo para o Picolino!".
Sérgio Mallandro distribui camisetas.
É sua campanha contra as
drogas. "Malandro que é
Mallandro não
usa drogas." O
barulho é
grande. Mas
animar programa é ensurdecer. Entra um
conjunto musical que ninguém
conhece. A verba deve ser curta. E
há mais conjuntos musicais entre
o SBT e o CNT do que sonha nossa vã filosofia.
Na hora dos famosos aparece o
Jerry Adriani aproveitando a onda "nostra" com uma canção italiana e o Alexandre Frota para integrar um júri não muito ilustre.
Escolhem calouros, votam nesse e
naquele. Tudo bem baratinho.
"Amigo é a melhor coisa que existe", bradam com emoção de
quem precisa do artigo. É hora de
calouros infantis. Quem for mamãe e papai que se emocione.
Muitas horas depois, volta o
Mallandro mais à vontade com o
que poderia ser o traje informal
de um palhaço. Agora tem muito
mais garota sedutora do que no
horário infantil. São as Mallandrinhas. "É pra liberar. Liberar geral." Liberar o quê? "Se você estivesse de bobeira e alguém o convidasse para dar uma bimbalhada?". Não queiram saber das respostas. Sérgio Mallandro só tem
barulho para divertir. Não basta.
O clip de uma visita a Miami foi
um desastre. Ninguém se interessou pelo Brasil. Quem sabe o
equilibrista no palco? Para circo,
ele é muito bom. "Aplaudam o
equilibrista". Silêncio total. Não
existe platéia noturna nesse show.
Mostram artistas de rua em gravação. Que indigência. Show de
pegadinhas? Todas desastrosas.
Que saudades do meu Faustão.Até domingo.
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