São Paulo, terça-feira, 22 de dezembro de 2009 |
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Revisitando Beckett
Morto há 20 anos hoje, Samuel Beckett buscou teatro além da linguagem; diretores que montaram seus textos escrevem "peça imaginária" inspirada nele
LUCAS NEVES DA REPORTAGEM LOCAL Há 20 anos, o dramaturgo irlandês Samuel Beckett fez o silêncio emergir uma última vez. Sua morte emulou aquilo que seu teatro tinha por fixação: o vazio, o abismo rarefeito em que a linguagem é asfixiada, desfalece. Flagrados nos estertores da vida, seus personagens ora atiram convulsivamente palavras ao vácuo, para desviar a mente dos reveses, ora assumem o ceticismo diante da narrativa oral e emudecem, despojando as máscaras sociais. Sua produção escrita, iniciada em 1929 com um ensaio sobre James Joyce, visita a poesia, o conto, o romance, a dramaturgia e os roteiros para rádio, cinema e TV. Independentemente do formato, os textos de Beckett tornam-se cada vez mais crus, secos. Ele mina as convenções narrativas, dinamitando enredo, conflito e descrição espaço-temporal. De costas viradas para o realismo, assina peças como "Breath", texto de cerca de 30 segundos sem personagens (consistindo num choro de bebê e num som de respiração), e "Eu Não", em que os refletores iluminam uma boca (e nada mais) a rememorar uma existência medíocre. Antes, na década de 50, ganha notoriedade com "Esperando Godot", "Fim de Jogo", "A Última Gravação de Krapp" e, na virada para os anos 60, "Fim de Jogo". Sempre certo, como disse certa vez, de que "não podemos conhecer nem ser conhecidos". Na contracapa deste caderno, três diretores familiarizados com os becos sem saída de Beckett dão o mapa da peça que ele nunca escreveu. Texto Anterior: Mônica Bergamo Próximo Texto: Raio-X Índice |
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