São Paulo, quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

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A última romântica

Durante intervalo das gravações de novo CD, Patti Smith declara em entrevista seu amor pelo fotógrafo Robert Mapplethorpe, que é retratado no livro de memórias da cantora

THALES DE MENEZES
DE SÃO PAULO

Quando "Só Garotos" venceu o National Book Awards há dois meses, a primeira coisa que a autora do livro pensou foi: "Que ótimo! Assim, muito mais gente vai conhecer o verdadeiro Robert!".
Cantora de rock, poeta, ícone cultural desde a década de 1970, a norte-americana Patti Smith levou 20 anos para terminar esse livro de memórias. Cumpriu assim uma promessa feita ao fotógrafo Robert Mapplethorpe feita poucos dias antes de sua morte, em 1989, em decorrência de Aids.
O casal se encontrou por acaso em Nova York, no verão de 1967, dois garotos pobres, muito pobres, mas com muita vontade de fazer arte. Ela escrevendo e desenhando. Ele pintando. Viraram nomes fundamentais para entender a arte norte-americana no século passado.
Em entrevista à Folha, Patti recordou seu namoro, e depois amizade, com o polêmico Mapplethorpe, fotógrafo de muitas fases mas habitualmente associado a suas séries de imagens de sadomasoquismo.
Ela lamenta não ter a posse de mais trabalhos da dupla. "Muita coisa está em museus e galerias. Eu tenho alguma coisa dessa época, não são muitos. Trabalhos foram perdidos, roubados, outros destruídos. Mas guardo muitos cadernos de anotações, poemas..."
Escrevendo sempre à mão, preencheu milhares de páginas para chegar ao livro. Hoje, acha graça de ter perdido um dos cadernos durante a preparação do material.
"Tive de reescrever o que estava ali. Semanas depois, achei o caderno perdido e vi que os dois estavam praticamente iguais. Foi incrível. Naquele momento eu ganhei a confiança que me faltava, vi que eu realmente tinha a história na minha cabeça.
Disciplinada, escreve todos os dias, mesmo agora, quando prepara seu novo álbum, o décimo de material inédito numa discografia iniciada em 1975, com o hoje clássico roqueiro "Horses".
"Escrevo sempre, desde que me lembro. Quando terminar de gravar o disco, é natural que eu trabalhe mais nas minhas anotações recentes. Preciso reler muita coisa para saber se ali tem algo que eu deva me esforçar para melhorar e talvez publicar. "
Ela diz não ter prazos nem para o disco nem para outros livros. "Tenho meu ritmo e preciso respeitá-lo."


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