São Paulo, terça-feira, 23 de janeiro de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MÚSICAS/LANÇAMENTOS


Lançamento da caixa "Legacy" lembra 15 anos da morte do cantor Ricky Nelson, completados na virada deste milênio

O legado de um solitário




Pacote luxuoso mostra evolução do cantor em 4 CDs -cem faixas- e um livreto de 50 páginas


PAULO CAVALCANTI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Durante os anos formativos do rock'n'roll, Ricky Nelson foi uma das presenças mais marcantes e importantes. Hoje, sua figura é lembrada por nostálgicos pelos anos 50 e cultuadores do rockabilly. Há ainda os que o conhecem por "Lonesome Town", incluída na trilha do filme "Pulp Fiction". Os 15 anos de sua morte, completados na virada deste milênio, são lembrados pelo lançamento da caixa "Legacy", um luxuoso pacote com 4 CDs e livreto de 50 páginas, pela EMI americana. A caixa apresenta a evolução musical de Ricky. São, ao todo, cem faixas, incluindo material inédito. Os textos do livreto e a pesquisa fonográfica foram feitos por Colin Scott e Bob Hyde, duas autoridades em rock'n'roll.
Tomando-se o lado estatístico, Ricky Nelson já merecia a caixa. Ele foi um dos cantores mais bem-sucedidos da história do rock. De 1956 a 1964, ocupou o terceiro lugar em vendagens, só perdendo para Elvis Presley e Pat Boone. Colocou 54 canções na listagem das músicas mais vendidas da "Billboard".
O primeiro CD do pacote intitula-se "I Dont Mess Around, Boy" e traz o começo de carreira de Ricky, com as faixas que gravou para a Verve, sua primeira gravadora. O cantor logo assinou com a Imperial, onde emplacou uma longa lista de clássicos como "Stood Up", "Be Bop Baby", "Its Late", "Believe What You Say" e "Waiting in School".
Ricky estudava o som que Elvis criava na gravadora Sun, e suas canções eram frenéticas e cheias de eco, destacando a incrível presença do guitarrista James Burton. Boa parte delas eram escritas por Johnny e Dorsey Burnette, que fizeram parte do Rock and Roll Trio, celébre grupo de rockabilly de Memphis.
Foi nessa época, também, que entrou no lucrativo mundo das baladas. Em 58, colocou no topo das paradas "Poor Little Fool", seguida por "Lonesome Town".
Com Elvis no Exército, Ricky Nelson tornou-se o ídolo número um da América. Ainda assim, achou tempo para participar do clássico "Rio Bravo" (59), com John Wayne e Dean Martin. Gravou, então, ao lado de Martin, "My Rifle, My Poney and Me" para a trilha do filme, canção que nunca foi lançada oficialmente.
Ricky Nelson começou a décadea de 60 em alta gravando mais hits para a Imperial, como "Hello Mary Lou", "Travelling Man", "Teenage Idol" e "Young World". Em 1963, assinou um contrato de um milhão de dólares com a Decca. Na nova gravadora, foi se afastando cada vez mais do rock e tornou-se um cantor pop, dando cara mais moderna a canções da era da big band como "Fools Rush In" e "For You". Essa fase está documentada no segundo CD, "Hello Mary Lou, Goodbye Imperial".
Sem dúvida, o CD mais interessante e polêmico é o terceiro, intitulado "Easy to Be Free". Aqui, o Ricky cantor de rockabilly dá vez ao bardo country e psicodélico. Em faixas como "I Just Can't Quit" e "Night Train to Memphis" e "Lousiana Man", já mostrava porque milhões de outros músicos seriam seduzidos pelos acordes de Nashville. Ricky era acompanhado pela ótima Stone Canyon Band, liderada por Randy Maisner, depois um dos líderes dos Eagles.
Já o quarto CD da caixa traz o último e pouco conhecido período da carreira do cantor. Chamado "Rave On", cobre de 1973 a 1985, ano da morte de Ricky. Ele tinha saído da Decca e passado por selos como Epic, Capitol e Silver Eagle.
Com o country rock deixado de lado, Ricky voltou a sua antiga paixão, o rockabilly, mas agora com uma visão contemporânea.



Legacy
Artista: Ricky Nelson
Gravadora: EMI
Quanto: US$ 55.07
Onde encontrar: www.amazon.com




Texto Anterior: Cinema: Debate analisa longa "Brava Gente Brasileira", de Lúcia Murat
Próximo Texto: Saiba quem foi: Cantor ajudou rock a se firmar nos lares pela TV
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.