São Paulo, terça-feira, 23 de janeiro de 2001

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CINEMA

A cerimônia de entrega do 58º Globo de Ouro foi anteontem em LA

Premiação mostra que não existem tendências

SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A PARK CITY (UTAH)

Se o 58º Globo de Ouro for mesmo uma prévia do Oscar 2001, espere confusão. A Associação dos Jornalistas Estrangeiros, responsável pela premiação que aconteceu anteontem em Los Angeles, não seguiu nenhuma tendência identificável. Melhor: a tendência foi não ter tendência.
Uma conclusão a ser tirada de uma noite estranha é que a cerimônia das estatuetas douradas em 25 de março não será aquele passeio no parque previsto para Steven Soderbergh. O diretor saiu machucado na noite de domingo. Entre "Traffic" e "Erin Brockovich - Uma Mulher de Talento", concorria a nove prêmios.
Levou três, o óbvio ator coadjuvante para Benicio Del Toro ("Traffic"), que foi chamado de "nome do momento" até pelo comedido "The New York Times", o de atriz dramática para Julia Roberts (por "Erin Brockovich") e o de roteiro ("Traffic").
Mas perdeu duplamente em direção e filme dramático, mais atriz coadjuvante, que parecia sair da disputa entre Catherine Zetha-Jones ("Traffic") e Frances McDormand ("Quase Famosos") e deu a zebra Kate Hudson ("Quase Famosos").
A estatueta para a fraca filha de Goldie Hawn não foi o único representante entre os equídeos africanos listrados da noite. Tom Hanks (melhor ator dramático por "Náufrago") e "Gladiador" como melhor filme dramático completaram o quadro quase errático do último domingo.
Que teve ainda um surpreso Ang Lee recebendo seu merecido reconhecimento como diretor, pelo belíssimo "O Tigre e o Dragão". O filme levaria ainda a barbada filme estrangeiro. O Brasil, que foi indicado em 1999 (o vencedor "Central do Brasil" e melhor atriz para Fernanda Montenegro), não concorria a nada.
De resto, a cerimônia de três horas transmitida ao vivo para o mundo inteiro pela TV mostrou porque é tão mais agradável e descontraída que a do Oscar. Nada de piadinhas sem graça a cada dupla que sobe ao palco nem limites constrangedores para os agradecimentos. E o mais importante: não há números musicais.
Entre as observações cômicas dos premiados, citações à eleição presidencial norte-americana foram recorrentes. Assim, Benicio Del Toro e Martin Sheen brincaram com a recontagem de votos, e George Clooney falou que era filho ilegítimo de John Ashcroft, o polêmico candidato a secretário da Justiça de George W. Bush.
Robert Downey Jr., que apresentou o filme "Garotos Incríveis", do qual participa, e ganhou o prêmio de melhor ator coadjuvante de série de TV, brincou sobre sua recente prisão por porte de cocaína. "Clooney não me pediu conselho sobre como interpretar um prisioneiro", disse, referindo-se ao papel do ator em "E Aí, Meu Irmão...".
Os momentos mais emocionantes foram a premiação da música "Things Have Changed", de Bob Dylan, para o filme "Garotos Incríveis", que bateu os favoritos Sting e Bjork. O autor de "Blowin" in the Wind", avesso a aparições, deu as caras e foi ovacionado.
O mesmo aconteceu com Al Pacino, que levou o prêmio Cecil B. DeMille pelo conjunto da obra. Homenageado por Kevin Spacey, que faz um imitação perfeita do ator, Pacino entregou um comovente discurso, em que lembrava seus professores.


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