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CINEMA/ESTRÉIA
"O SORRISO DE MONALISA"
Produção com Julia Roberts embarca na atmosfera puritana do pós-guerra americano
Anos 50 retornam com discurso feminista
PAOULA ABOU-JAOUDE
FRE-LANCE PARA A FOLHA DE LOS ANGELES
Hollywood continua a revisitar
a era de Eisenhower. Depois do
cultuado filme "Longe do Paraíso", que rendeu a Julianne Moore
uma indicação para o Oscar em
2003, os anos 50 voltam agora representados por Julia Roberts no
bem intencionado - e mal recebido pela crítica americana -
drama estudantil-feminista "O
Sorriso de Monalisa", dirigido pelo cineasta inglês Mike Newell.
A estrela mais popular de Hollywood veste saia rodada e anda de
cadillac "rabo-de-peixe" ao interpretar Katherine Watson, uma
professora que vai lecionar história da arte na Universidade Wellesley, em Nova Inglaterra, onde
estudou ninguém menos que a senadora novaiorquina Hillary Rodham Clinton.
A escola sempre foi tida como
progressista, mas, quando a professorinha Julia chega ao local, só
encontra garotas casadoiras, que
ela obviamente influencia com
suas tiradas feministas.
"O propósito todo de eu querer
fazer esse filme foi para lembrar
às mulheres de minha geração e
de outras mais jovens sobre os
apuros pelos quais passaram nossas mães, avós e bisavós", diz Roberts em entrevista à Folha. "Rodar esse filme me fez sentir mais
grata aos luxos que eu aprendi a
acreditar que eram meus de direitos".
Entre as várias pupilas de Roberts, destacam-se três, interpretadas por atrizes atualmente consideradas cults em Hollywood:
Kirsten Dunst, Julia Stiles e Maggie Gyllenhaal. "Poderia ter sido
um elenco desastroso, mas essas
meninas são bastante sofisticadas", explica Roberts. "Fiquei impressionada como elas conduzem
suas carreiras, como é a postura
delas perante a vida, e como habilmente desenvolveram suas
personagens. A nova geração chegou para ficar".
Roberts, no entanto, não concorda que as atrizes em atividade
nos anos 50 usufruíam de mais
poder e oportunidades e que faziam filmes mais sólidos, embora
estudiosos apontem a era de Bette
Davis, Joan Crawford, Vivien
Leigh e Katharine Hepburn como
a época áurea das atrizes de Hollywood. "Minha carreira toda parece destoar dessa história de que
hoje em dia temos menos oportunidades ou bons papéis, não é
mesmo?", rebate.
Dona de um carisma internacional que parece não rescindir
mesmo com a ascensão de atrizes
mais experientes como Nicole
Kidman e Cate Blanchett, Roberts
gosta de refutar a pecha de "mulher mais poderosa" do cinema
americano, atribuída a ela anualmente.
"Poder é uma palavra muito relativa e para os homens tem um
outro significado", diz. "Freqüentemente dou risada quando dizem que sou poderosa. Mas jornalistas insistem, o que me faz
pensar sobre isso". E a que Roberts atribui a sua privilegiada posição? "Ao fato de que ainda estou
aqui feliz, sana e inteira depois de
tantos anos. Eu ainda consigo
completar uma sentença."
"O Sorriso de Monalisa" também trás uma curiosidade: o diretor de fotografia da equipe de
apoio é Daniel Moder, seu marido. "Está tudo na revista e no programa da Oprah [Winfrey]."
Em breve, Roberts deve atuar
em novo projeto, na adaptação da
cultuada peça "Closer", do inglês
Patrick Marble, a ser dirigida por
Mike Nichols, e co-estrelada por
Jude Law.
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