ALEXANDRE MATIAS
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Em meio a todos os clichês de amor e ódio que os 450 anos de São Paulo parecem suscitar, duas coletâneas vêm declarar abertamente sua paixão pela capital. Sem faltar às suas contradições e paradoxos, as antologias "Sim São Paulo" e "São Paulo e a Lua" reúnem paulistanos e "estrangeiros" para cantar a já chamada "locomotiva do Brasil".
"Sim São Paulo", da gravadora Baratos Afins e preço de R$ 18, foi organizada por Luíz Calanca, dono da gravadora e da loja que têm o mesmo nome, que começou com um projeto de uma caixa com seis CDs em homenagem à data comemorada depois de amanhã. "Mas esbarrei em dificuldades, principalmente a liberação de autorizações das editoras e virou apenas um disco", diz Calanca.
O produtor reuniu hinos não-oficiais da cidade cantados por nomes como Premeditando o Breque e Germano Mathias, além de um dueto entre Itamar Assumpção e Rita Lee. A coletânia ainda inclui representantes de gerações musicais mais próximas da realidade atual da cidade, como o punk rock e o hip hop.
Este último comparece em duas faixas de seu marco zero no Brasil - a coletânea "Hip Hop Cultura de Rua". Além de "Centro da Cidade", do MC Jack, ainda há "Homens da Lei", uma das duas primeiras músicas da dupla Thaíde & DJ Hum a aparecer em disco - e o primeiro rap a denunciar a violência policial no país.
O punk rock vem com o hit do grupo 365, batizado com o nome da cidade. "Essa música ficou maior do que a gente", explica o baterista da banda, Miro de Melo.
A coletânea "São Paulo e a Lua" da Lua Discos, cujo preço é de R$ 18,50, reúne artistas de dentro e fora da cidade para ler outros tantos noturnos paulistanos. Os baianos Moisés Santana e Rebeca Matta relêem faixas de Tom Zé, que comparece com "São São Paulo", na versão de Moisés, e com "Augusta, Angélica e Consolação", com Rebeca. "Foi a primeira música que me veio à cabeça", explica a cantora.
Participam da compilação Ângela Maria, Jards Macalé, Moacyr Luz e Maurício Pereira, entre outros. "Eu tirei a minha versão ["Saudosa Maloca'] meio reggaeada, do bolso", conta Maurício.