São Paulo, sexta-feira, 23 de janeiro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SP 450

"Obras" questiona sentido de arte e cidade

BRUNO YUTAKA SAITO
DA REDAÇÃO

Entre os inúmeros programas comemorativos que reverenciam os 450 anos de São Paulo, o documentário "Obras da Cidade" é um dos mais irônicos e ambíguos.
Dirigido por Sérgio Augusto de Andrade, "Obras" tenta entender a essência de uma metrópole a partir da arte. Para isso, artistas plásticos que estiveram na 25ª Bienal de São Paulo falam sobre suas criações -Lina Kin (Brasil), Sarah Szer (EUA), Abraham Cruzvillegas (México), Pascale Martine Tayou (Camarões), Ole Jorgen Ness (Noruega) e Charles Juhasz-Alavarado (Porto Rico).
A narração de Tom Zé não deixa dúvidas: há um leve tom de esculhambação no ar. O tempo todo levanta-se no ar uma velha questão -o que é a arte, afinal?
A arte, segundo Andrade, é mero fruto da organização de uma cidade. Da visão da metrópole como ideal sagrado dos antigos para a fragmentação que reverbera até os dias atuais, surgiu uma espécie de vale-tudo nas galerias de arte.
Por que é tão difícil entender obras conceituais?, pergunta Tom Zé. Por que, como mostra no documentário o artista norueguês Ole Jorgen Ness, uma cerveja derramada no chão pode ser considerada uma expressão artística?
Culpa da fragmentação da cidade, que inspira obras fragmentadas: "A beleza não está mais na harmonia, está no labirinto", diz Tom Zé. "Significados são para cartas de tarô, e não para a arte moderna."
Andrade alterna, então, entrevistas de artistas da Bienal com moradores de rua que criam obras próprias em suas moradias improvisadas -um barracão embaixo de viaduto, uma casa conceitual no meio de uma favela- para perguntar: "qual é a verdadeira obra de arte da cidade?".


OBRAS DA CIDADE. Quando: amanhã, às 21h, na TV Cultura.


Texto Anterior: Ilustrada: Coven agrada com inverno singelo no Fashion Rio
Próximo Texto: Jazz em sol maior
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.