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SP 450
"Obras" questiona sentido de arte e cidade
BRUNO YUTAKA SAITO
DA REDAÇÃO
Entre os inúmeros programas
comemorativos que reverenciam
os 450 anos de São Paulo, o documentário "Obras da Cidade" é um
dos mais irônicos e ambíguos.
Dirigido por Sérgio Augusto de
Andrade, "Obras" tenta entender
a essência de uma metrópole a
partir da arte. Para isso, artistas
plásticos que estiveram na 25ª
Bienal de São Paulo falam sobre
suas criações -Lina Kin (Brasil),
Sarah Szer (EUA), Abraham
Cruzvillegas (México), Pascale
Martine Tayou (Camarões), Ole
Jorgen Ness (Noruega) e Charles
Juhasz-Alavarado (Porto Rico).
A narração de Tom Zé não deixa dúvidas: há um leve tom de esculhambação no ar. O tempo todo levanta-se no ar uma velha
questão -o que é a arte, afinal?
A arte, segundo Andrade, é mero fruto da organização de uma
cidade. Da visão da metrópole como ideal sagrado dos antigos para
a fragmentação que reverbera até
os dias atuais, surgiu uma espécie
de vale-tudo nas galerias de arte.
Por que é tão difícil entender
obras conceituais?, pergunta Tom
Zé. Por que, como mostra no documentário o artista norueguês
Ole Jorgen Ness, uma cerveja derramada no chão pode ser considerada uma expressão artística?
Culpa da fragmentação da cidade, que inspira obras fragmentadas: "A beleza não está mais na
harmonia, está no labirinto", diz
Tom Zé. "Significados são para
cartas de tarô, e não para a arte
moderna."
Andrade alterna, então, entrevistas de artistas da Bienal com
moradores de rua que criam
obras próprias em suas moradias
improvisadas -um barracão
embaixo de viaduto, uma casa
conceitual no meio de uma favela- para perguntar: "qual é a verdadeira obra de arte da cidade?".
OBRAS DA CIDADE. Quando: amanhã,
às 21h, na TV Cultura.
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