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QUADRINHOS
Em "Impostos! Pague Até para Morrer", personagem de Aragonés, famoso pela "Mad", decide parar de matar
Novo álbum do bárbaro Groo ironiza guerras
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL
Um líder inepto leva seu país a
entrar em guerra contra inimigos
"imaginários" -que não têm o
poder de destruição em massa
anunciado-, mobilizando dinheiro dos impostos para sustentar a luta e metendo-se em um
atoleiro que acaba em derrota.
Por mais que se assemelhe à história recente, este roteiro acontece em um cenário medieval, no álbum "Impostos! Pague Até para
Morrer", a nova aventura do
guerreiro bárbaro Groo, lançada
pela Opera Graphica Editora.
Criado pelo célebre cartunista
espanhol (radicado no México)
Sergio Aragonés, Groo é uma paródia de "Conan, o Bárbaro", de
Robert E. Howard. O personagem
surgiu em 1982, quando Aragonés
já era uma celebridade graças a
seu trabalho na revista "Mad".
Na nova aventura, o atrapalhado e ignorante Groo, que espalha
destruição (quase sempre involuntariamente) por onde passa,
vira motivo para que o rei Donel
crie impostos para armar um
Exército que irá combatê-lo.
Quando o bárbaro decide parar
de matar para se tornar benquisto
pelas pessoas, o rei percebe que
sua economia de guerra precisa
de mais batalhas para se sustentar
(e para manter a cobrança de impostos) e vai declarando inimigos
inúmeros povoados vizinhos.
As semelhanças com as ações
dos EUA pós-11 de Setembro são
tão nítidas -há, por exemplo,
uma cena em que soldados laçam
e derrubam a estátua do rei de
uma cidade inimiga, idêntica à
ação realizada no Iraque- que
soa espantoso que a história escrita por Mark Evanier e Aragonés
seja anterior aos ataques terroristas nos Estados Unidos.
No posfácio, Evanier faz questão de ressaltar que não quis fazer
nenhum protesto contra a política
de Bush especificamente.
"(...) Quando a história saiu, algumas pessoas pensaram que nós
estávamos dizendo coisas em que
nós não acreditávamos e que
nunca tivemos a menor intenção
de dizer. [A história] é sobre a
morte e sobre impostos, sobre seguir cegamente os líderes numa
guerra. Tudo isso acontece em
qualquer ação militar, toda vez
que o povo de um território resolve matar o povo de outro território", explica ele.
É possível (e irônico) que, tentando retratar características gerais das guerras e dos líderes que
guerreiam, Aragonés e Evanier tenham atingido involuntariamente a atual política dos EUA e, notadamente, a Guerra do Iraque.
De qualquer modo, mesmo que
não enxergue na história uma alegoria e crítica dos tempos atuais, o
leitor vai se divertir com as aventuras do bárbaro errante.
Groo: Impostos! Pague Até para Morrer
Autores: Sergio Aragonés e Mark Evanier
Editora: Opera Graphica
Quanto: R$ 49, em média
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