São Paulo, quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

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Cinema/análise

Surpresas estão nas pequenas discordâncias entre as listas

Diferenças em relação a prêmios sindicais incluem diretor de "Juno" em vez de Sean Penn

SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA, EM NOVA YORK

Foi tudo muito previsível: das 40 principais indicações ao Oscar, 30 já haviam sido antecipadas pelos respectivos sindicatos. Como os colégios que apontam os finalistas em cada categoria são muito semelhantes aos dos prêmios sindicais, as surpresas deste ano estão localizadas nos 25% de discordância entre as listas.
Quatro dos cinco concorrentes a melhor filme, por exemplo, foram indicados ao prêmio do Sindicato dos Produtores, que será entregue no dia 2 de fevereiro. Faltou apenas "O Escafandro e a Borboleta", substituído na corrida ao Oscar por "Desejo e Reparação". O primeiro, falado em francês, foi lançado nos Estados Unidos com legendas; o segundo é britânico. Parte da explicação para a preferência da Academia se encontra aí.

Produção independente
A comédia dramática "Juno" ocupa neste ano a "vaga" de produção independente que coube, em temporadas anteriores, a "Sideways - Entre Umas e Outras", em 2005, e "Pequena Miss Sunshine", no ano passado. Seu bem-sucedido desempenho comercial (caminha para ultrapassar a marca de US$ 100 milhões de bilheteria) e o prestígio entre os colegas levaram Jason Reitman a "roubar", entre os diretores, o lugar que, no prêmio sindical a ser entregue no próximo dia 26, coube a Sean Penn ("Na Natureza Selvagem").
Sete das dez indicações a roteiro coincidiram com as do sindicato que ameaça, com o prolongamento da greve deflagrada em 5 de novembro, a própria realização da cerimônia de entrega do Oscar. Os roteiristas anunciam seu prêmios em 9 de fevereiro. Sem festa, se continuarem parados.
No domínio dos atores, as pequenas diferenças entre as listas do Oscar e do sindicato apontam para quem passou o dia chateado. Angelina Jolie, em especial, por "O Preço da Coragem". Ela disputa como favorita o prêmio sindical, mas foi a única "substituída" na lista da Academia (pela ótima Laura Linney, no bom independente "A Família Savage").
Emile Hirsch, Catherine Keener (ambos por "Na Natureza Selvagem") e Ryan Gosling ("Lars and the Real Girl") são os demais atores que concorrem aos prêmios do sindicato, a serem entregues no próximo dia 27, mas foram alijados da corrida ao Oscar. Se houver cerimônia de entrega, não serão ausências sentidas.
Ao contrário: em seu lugar, estarão Tommy Lee Jones (que disputa o prêmio do sindicato como coadjuvante por "Onde os Fracos Não Têm Vez" e o Oscar de melhor ator por "No Vale das Sombras") e Philip Seymour Hoffman ("Jogos do Poder"), além da novata Saoirse Ronan ("Desejo e Reparação").
Nas categorias técnicas (e mesmo nas dramáticas), a ausência de "Zodíaco" e as três indicações de "O Ultimato Bourne" demonstram como o Oscar pode ser cruel com os lançamentos do primeiro semestre. Se chegassem aos cinemas no final da temporada, teriam provavelmente melhor sorte.
Essa não pode ser a desculpa para "O Gângster", que estreou no período adequado, tem dois atores classe A (Denzel Washington e Russell Crowe) e foi vendido ao público como favorito ao Oscar, mas recebeu apenas duas indicações secundárias (atriz coadjuvante, para Ruby Dee, e direção de arte).


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