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Cinema/análise
Surpresas estão nas pequenas discordâncias entre as listas
Diferenças em relação a prêmios sindicais incluem diretor de "Juno" em vez de Sean Penn
SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA, EM NOVA YORK
Foi tudo muito previsível: das 40 principais
indicações ao Oscar, 30
já haviam sido antecipadas pelos respectivos sindicatos. Como os colégios que apontam os
finalistas em cada categoria são
muito semelhantes aos dos
prêmios sindicais, as surpresas
deste ano estão localizadas
nos 25% de discordância entre
as listas.
Quatro dos cinco concorrentes a melhor filme, por exemplo, foram indicados ao prêmio
do Sindicato dos Produtores,
que será entregue no dia 2 de
fevereiro. Faltou apenas "O Escafandro e a Borboleta", substituído na corrida ao Oscar por
"Desejo e Reparação". O primeiro, falado em francês, foi
lançado nos Estados Unidos
com legendas; o segundo é britânico. Parte da explicação para
a preferência da Academia se
encontra aí.
Produção independente
A comédia dramática "Juno"
ocupa neste ano a "vaga" de
produção independente que
coube, em temporadas anteriores, a "Sideways - Entre Umas e
Outras", em 2005, e "Pequena
Miss Sunshine", no ano passado. Seu bem-sucedido desempenho comercial (caminha para ultrapassar a marca de
US$ 100 milhões de bilheteria)
e o prestígio entre os colegas levaram Jason Reitman a "roubar", entre os diretores, o lugar
que, no prêmio sindical a ser
entregue no próximo dia 26,
coube a Sean Penn ("Na Natureza Selvagem").
Sete das dez indicações a roteiro coincidiram com as do
sindicato que ameaça, com o
prolongamento da greve deflagrada em 5 de novembro, a própria realização da cerimônia de
entrega do Oscar. Os roteiristas anunciam seu prêmios em 9 de fevereiro. Sem festa, se continuarem parados.
No domínio dos atores, as pequenas diferenças entre as listas do Oscar e do sindicato
apontam para quem passou o
dia chateado. Angelina Jolie,
em especial, por "O Preço da
Coragem". Ela disputa como favorita o prêmio sindical, mas
foi a única "substituída" na lista
da Academia (pela ótima Laura
Linney, no bom independente
"A Família Savage").
Emile Hirsch, Catherine
Keener (ambos por "Na Natureza Selvagem") e Ryan Gosling
("Lars and the Real Girl") são
os demais atores que concorrem aos prêmios do sindicato, a
serem entregues no próximo
dia 27, mas foram alijados da
corrida ao Oscar. Se houver cerimônia de entrega, não serão
ausências sentidas.
Ao contrário: em seu lugar,
estarão Tommy Lee Jones (que
disputa o prêmio do sindicato
como coadjuvante por "Onde
os Fracos Não Têm Vez" e o Oscar de melhor ator por "No Vale
das Sombras") e Philip Seymour Hoffman ("Jogos do Poder"), além da novata Saoirse
Ronan ("Desejo e Reparação").
Nas categorias técnicas (e
mesmo nas dramáticas), a ausência de "Zodíaco" e as três indicações de "O Ultimato Bourne" demonstram como o Oscar
pode ser cruel com os lançamentos do primeiro semestre.
Se chegassem aos cinemas no
final da temporada, teriam provavelmente melhor sorte.
Essa não pode ser a desculpa
para "O Gângster", que estreou
no período adequado, tem dois
atores classe A (Denzel
Washington e Russell Crowe) e
foi vendido ao público como favorito ao Oscar, mas recebeu
apenas duas indicações secundárias (atriz coadjuvante, para
Ruby Dee, e direção de arte).
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