|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
VANESSA VÊ TV
VANESSA BARBARA - vanessa.barbara@uol.com.br
No próximo bloco, insânia
QUANDO A TV paga chegou ao Brasil, espalhou-se o idílico boato de
que seus canais não teriam intervalos comerciais -afinal, a mensalidade dos assinantes serviria para
sustentar as emissoras.
Era tudo brincadeirinha. Em
2010, uma pesquisa da associação
de consumidores Proteste mostrou
que a grade da TV paga contém 15%
de comerciais, na média. Em canais
como a Fox, a conta é de 23%.
E o pior: se na TV aberta ainda é
possível se divertir com anúncios de
purgante ou de pomadas para micose em que modelos discutem casualmente suas frieiras, na TV paga a
coisa não tem tanta graça. Ali, os comerciais falam da própria programação e se repetem num looping
maquiavélico.
Um dos campeões no quesito, o
Warner Channel reserva-se o requinte de interromper os episódios
de séries na última cena e amarrar o
espectador só para exibir os créditos e a piada final. O canal também
costuma manter o áudio dos programas baixíssimo e aumentar o volume em 40% nos comerciais, para
que os tímpanos da vítima sejam devidamente massacrados pela veemência publicitária.
A atração "Warner Movies" já virou uma lenda. O filme começa bem,
mas vai sendo interrompido progressivamente conforme o final se
anuncia.
Um longa de 110 minutos de duração leva três horas para passar, totalizando 70 minutos de comerciais
-sempre os mesmos. A conta pode
chegar a 63% do total da atração,
gerando boatos de que, em 2011, os
canais terão novos comerciais com
menos intervalos de programas.
Houve uma épica madrugada de
2003 em que a MGM levou quatro
horas para exibir o especial "AFI:
100 anos... 100 filmes", de 145 minutos de duração. A cada dez títulos citados, amargava-se uma pausa em
que os mesmos comerciais se sucediam, talvez procurando levar os espectadores à absoluta e irreversível
demência. Conforme os vencedores
se aproximavam, a pausa era de
três em três.
O documentário acabou pela manhã. Os sobreviventes até hoje se gabam, feito veteranos da campanha
na Itália.
A repetição de propagandas em
canais como Sony, TNT, Warner,
Fox, AXN e Universal ainda será
questão de saúde pública. Daí a
grandeza das séries em DVD, do
gravador digital, da tecla "mudo" e
de um providencial cochilo.
Texto Anterior: Justin Timberlake, o ator, atropela Justin Timberlake, o cantor Próximo Texto: Novelas da semana Índice | Comunicar Erros
|