São Paulo, sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

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Akon recusa título de "gangsta rapper"

Cantor senegalês diz à Folha que não faz música de bandido e afirma que a prisão mudou sua maneira de ver o mundo

No disco "Konvicted", lançado no final de 2006, senegalês lembra o tempo em que cumpriu pena por ter roubado carro


ADRIANA FERREIRA SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL

Se você assiste TV e ouve rádio pelo menos meia hora por dia, já ouviu Akon. No ano passado, o cantor senegalês radicado nos Estados Unidos lançou um disco badalado, "Konvicted", que vendeu cerca de 283 mil cópias na semana de lançamento, colocando-se em segundo lugar numa lista de 200 da "Billboard".
Antes, Akon emplacou o single "I Wanna Love You", com participação de Snoop Dogg, em primeiro lugar no Hot 100 da "Billboard", e, em seguida, a faixa "Smack That", com Eminem, entrou no segundo posto.
Além de uma voz singular, com acento africano que se presta tanto a cantar ritmos mais suaves quanto rimar como rapper, parte do sucesso de Akon se deve a sua história.
Aliaune Thiam, nome verdadeiro, nasceu no Senegal e, aos oitos anos, mudou-se com os pais para New Jersey, nos EUA.

Paciência
Filho do baterista de jazz Mor Thiam, Akon descobriu o hip hop bem jovem e estreou na carreira como muitos rappers já o fizeram: roubando. Sua "especialidade" era o furto de carros, e foi dirigindo uma BMW "muita lenta" que foi preso e passou três anos cumprindo pena em uma cadeia, onde escreveu a letra de "Locked up", música com a qual estourou.
"É uma loucura estar numa posição em que você não pode ir a nenhum lugar. Preso. Sem controle sobre sua vida. É uma situação muito desconfortável.
Nenhum homem quer ficar nessa condição", diz Akon.
"Ao mesmo tempo, essa experiência me trouxe paciência, e acho que isso me ajudou a interpretar as coisas que acontecem ao meu redor", diz ele. "Locked up", que tem participação do parceiro Styles P., é um rap sombrio, no qual Akon pede para "não deixá-lo preso".
Assim como suas músicas mais recentes, essa foi parar entre as mais tocadas e impulsionou o lançamento de seu primeiro trabalho, "Trouble", de 2004.
Se ele esperava pelo sucesso da faixa? "Definitivamente", responde. "Todo artista quando faz uma canção quer que ela estoure. Essa era uma música que sentia que seria grande."

Mainstream
De ladrão de carros, Akon passou a freqüentar o "mainstream" do hip hop -ele comprou uma mina de diamantes no sul da África-, com apoio da crítica e a bênção de Eminem, que se tornou seu "padrinho".
"Não é todo dia que se pode trabalhar com pessoas como essas [Eminem]. É uma honra para mim", acredita Akon.
Influenciado por "boa música", Akon transita pelo rap, pop, reggae e r&b, narrando, principalmente, histórias sobre os bastidores da cadeia e mulheres. Muitas delas, poderiam identificá-lo com o "gangsta rap", rap de "bandido", pesado, machista, com elogio à violência -mas ele recusa a relação.
"As pessoas enxergam sua música de maneiras diferentes, depende de quem está ouvindo", diz Akon. "Pessoalmente, não sei como classificá-la. A única coisa que quero é que as pessoas se divirtam. É o que mais importa para mim."
Sobre o gangsta rap, ele diz que artistas começam "a entender mais sobre o poder da música e a se engajar num movimento mais positivo."


KONVICTED
Artista:
Akon
Lançamento: Universal Motown
Quanto: R$ 30, em média


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