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Akon recusa título de "gangsta rapper"
Cantor senegalês diz à Folha que não faz música de bandido e afirma que a prisão mudou sua maneira de ver o mundo
No disco "Konvicted", lançado no final de 2006, senegalês lembra o tempo em que cumpriu pena por ter roubado carro
ADRIANA FERREIRA SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
Se você assiste TV e ouve rádio pelo menos meia hora por
dia, já ouviu Akon. No ano passado, o cantor senegalês radicado nos Estados Unidos lançou
um disco badalado, "Konvicted", que vendeu cerca de 283
mil cópias na semana de lançamento, colocando-se em segundo lugar numa lista de 200
da "Billboard".
Antes, Akon emplacou o single "I Wanna Love You", com
participação de Snoop Dogg,
em primeiro lugar no Hot 100
da "Billboard", e, em seguida, a
faixa "Smack That", com Eminem, entrou no segundo posto.
Além de uma voz singular,
com acento africano que se
presta tanto a cantar ritmos
mais suaves quanto rimar como rapper, parte do sucesso de
Akon se deve a sua história.
Aliaune Thiam, nome verdadeiro, nasceu no Senegal e, aos
oitos anos, mudou-se com os
pais para New Jersey, nos EUA.
Paciência
Filho do baterista de jazz
Mor Thiam, Akon descobriu o
hip hop bem jovem e estreou na
carreira como muitos rappers
já o fizeram: roubando. Sua "especialidade" era o furto de carros, e foi dirigindo uma BMW
"muita lenta" que foi preso e
passou três anos cumprindo
pena em uma cadeia, onde escreveu a letra de "Locked up",
música com a qual estourou.
"É uma loucura estar numa
posição em que você não pode
ir a nenhum lugar. Preso. Sem
controle sobre sua vida. É uma
situação muito desconfortável.
Nenhum homem quer ficar
nessa condição", diz Akon.
"Ao mesmo tempo, essa experiência me trouxe paciência,
e acho que isso me ajudou a interpretar as coisas que acontecem ao meu redor", diz ele.
"Locked up", que tem participação do parceiro Styles P., é
um rap sombrio, no qual Akon
pede para "não deixá-lo preso".
Assim como suas músicas mais
recentes, essa foi parar entre as
mais tocadas e impulsionou o
lançamento de seu primeiro
trabalho, "Trouble", de 2004.
Se ele esperava pelo sucesso
da faixa? "Definitivamente",
responde. "Todo artista quando faz uma canção quer que ela
estoure. Essa era uma música
que sentia que seria grande."
Mainstream
De ladrão de carros, Akon
passou a freqüentar o "mainstream" do hip hop -ele comprou uma mina de diamantes
no sul da África-, com apoio da
crítica e a bênção de Eminem,
que se tornou seu "padrinho".
"Não é todo dia que se pode
trabalhar com pessoas como
essas [Eminem]. É uma honra
para mim", acredita Akon.
Influenciado por "boa música", Akon transita pelo rap,
pop, reggae e r&b, narrando,
principalmente, histórias sobre
os bastidores da cadeia e mulheres. Muitas delas, poderiam
identificá-lo com o "gangsta
rap", rap de "bandido", pesado,
machista, com elogio à violência -mas ele recusa a relação.
"As pessoas enxergam sua
música de maneiras diferentes,
depende de quem está ouvindo", diz Akon. "Pessoalmente,
não sei como classificá-la. A
única coisa que quero é que as
pessoas se divirtam. É o que
mais importa para mim."
Sobre o gangsta rap, ele diz
que artistas começam "a entender mais sobre o poder da música e a se engajar num movimento mais positivo."
KONVICTED
Artista: Akon
Lançamento: Universal Motown
Quanto: R$ 30, em média
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