São Paulo, terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

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Site é vitrine da blogosfera musical

Hype Machine cresce reunindo links para MP3 e driblando questões legais

Criador credita sucesso do endereço ao conteúdo produzido por blogueiros; site firmou parceria com SoundCloud em janeiro

BRUNA BITTENCOURT
DA REPORTAGEM LOCAL

Anthony Volodkin era um estudante de computação quando criou o Hype Machine, em 2005. Fã de Arcade Fire e Nina Simone, Volodkin, 24, havia trocado as revistas de música pelos blogs de MP3 a fim de descobrir novas bandas. Mas, naquela época, eles já eram muitos. Foi aí que o estudante teve a ideia de criar um site que reunisse o melhor deles.
Cinco anos depois, o Hype Machine (hypem.com) é um dos principais agregadores de blogs de MP3. Recebe 1,8 milhão de visitantes únicos por mês e mais de mil pedidos diários de blogs para inclusão no site. Ali, é possível ouvir música postada por milhares de blogs, sem deixar o endereço. Assim, além de rádio virtual, o HM é uma vitrine das bandas que estão sendo tocadas e discutidas na blogosfera.
"Grande parte do nosso sucesso se deve aos blogs com que trabalhamos", contou Volodkin à Folha, de Nova York, onde fica o escritório do HM. "Nós criamos uma forma conveniente para que as pessoas vejam o que está acontecendo nos blogs. Existem tantos que é difícil saber o que é importante. Acho que a razão do nosso sucesso é sermos capazes de resumir o conteúdo interessante que esses blogueiros estão criando."
Em janeiro, o HM passou a incorporar o conteúdo do SoundCloud (ferramenta para fazer "upload" de música, usada por blogueiros e artistas), aumentando ainda mais o conteúdo que disponibiliza.
Volodkin não vê o Hype Machine como um concorrente do Pandora ou Last FM, sites que também proporcionam ao internauta descobrir novos artistas. E, de olho nesse filão, o You Tube criou o You Tube Disco (www.youtube.com/disco).
A iniciativa, assim como o sucesso do Hype Machine, coincide com o cerco judicial em torno da proteção autoral que sites de troca de arquivos sofreram no ano passado. "As pessoas estão desenvolvendo formas mais fáceis de mostrar música. Ninguém quer baixar faixas a todo o tempo", afirma Volodkin.
E o HM evitou até agora pendengas jurídicas por não permitir que downloads sejam feitos em seu endereço. Para ter a música tocada pelo HM, o internauta deve visitar o blog em que ela foi postada, indicado pelo próprio HM. Por outro lado, o site também oferece o caminho lícito para isso, apontando a compra daquela faixa no iTunes e em outras lojas virtuais. E é daí que vem a renda do HM, somada a anúncios.
"Nós não desenhamos o site para as pessoas ouvirem música de graça, mas para elas descobrirem novos artistas, o que é uma grande distinção", defende-se Volodkin. O HM retira do site posts que desrespeitem proteção autoral, quando as gravadoras reclamam.
Apesar de não desagradar a indústria, Volodkin tem evitado trabalhar junto dela: segue independente, com cinco funcionários e ainda não aceitou nenhuma proposta para compra do site. "Tudo que é relacionada à música na internet é uma área difícil de se investir. Se você trabalha com a indústria muito de perto, é difícil crescer e se tornar um negócio rentável. Eles não querem que você vá bem."


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