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OUTROS 500
Cruz de Mario Cravo causa polêmica na BA
CYNARA MENEZES
especial para a Folha
A missa do Descobrimento, que
será celebrada no
dia 26 de abril, terá
duas cruzes, mas
não será celebrada
diante de nenhuma delas. A "polêmica da cruz" é o mais novo imbróglio envolvendo as comemorações dos 500 anos.
Tudo começou com o projeto
de substituir a cruz de madeira
fincada há cerca de 30 anos na
praia da Coroa Vermelha, em
Santa Cruz Cabrália (BA) -local
da primeira missa no Brasil-,
por outra, de autoria do escultor
baiano Mario Cravo, 78.
Depois dos protestos dos índios
pataxós, a nova cruz, em aço inoxidável e com 16 metros de altura,
acabou sendo erguida a 100 metros da antiga. A missa, porém,
por razões de cerimonial, vai
acontecer em um altar montado
especialmente para o ato, afastado de ambos os crucifixos.
A cruz de aço, que pesa 3 toneladas e que foi erguida sobre uma
base de granito de 60 toneladas
em tons de verde, amarelo e azul,
custou R$ 500 mil ao governo federal, segundo o filho do escultor
e responsável pela execução da
obra, Ivan Cravo.
A instalação do monumento foi
concluída esta semana, em meio a
protestos dos índios e de entidades ligadas a eles. "Essa cruz é um
estorvo", diz Paulo Maldos, assessor político do Cimi (Conselho
Indigenista Missionário). "Os índios nem foram consultados,
nem sabiam o que era a cruz."
Maldos diz que a montagem da
cruz, com guindastes, iniciada no
último dia 17, parecia reviver os
quadros pintados sobre a primeira missa, "com os índios ao fundo, de coadjuvantes".
Ivan Cravo reconhece os protestos dos índios. "Aquilo é feito na
terra deles, né? E eles acham que o
aço representa o conquistador, a
espada, o que descaracterizaria o
local", disse à Folha, de Porto Seguro, por telefone.
Ele acha que as mudanças feitas
para a festa trouxeram "melhorias" para os índios. "Toda essa
polêmica é bobagem, descaracterizado o índio daqui já está. A
cruz pequena servirá como comparação, mostra o passado, enquanto que a de aço representa a
modernidade, os novos tempos."
A nova cruz será inaugurada
durante a festa dos 500 anos, no
dia 22 de abril.
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