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ERUDITO
Especial lembra 70 anos sem Nazareth
MÁRVIO DOS ANJOS
DA REDAÇÃO
A certa altura do documentário
"Ernesto Nazareth" -que a rede
SescSenac transmite hoje às
14h-, o compositor Osvaldo Lacerda observa que "tomadas as
devidas proporções", Nazareth
pode ser comparado ao polonês
Frédéric Chopin. Ambos elevaram ritmos populares -a mazurka polonesa e o choro brasileiro- ao pedestal de grande arte.
Só que nem se cogita tirar de
Chopin o rótulo de erudito, enquanto a Nazareth (1863-1934) às
vezes se reserva a inventiva classificação de "semi-erudito".
O motivo mais forte para isso é
o imenso sucesso que composições suas, como a polca "Apanhei-te Cavaquinho" -que já figurou em trilhas de desenhos da
Disney- e "Odeon", alcançaram
em vida e em morte.
Entre o fim do século 19 e o início do 20, Nazareth foi, ao lado de
Chiquinha Gonzaga, o mais importante autor da música brasileira. Ambos cultivaram o choro
com igual qualidade, mas por
abordagens diferentes.
A educação pianística de Nazareth fez com que seus temas mais
populares não perdessem o caráter de música de concerto, o que
não ocorre na produção da célebre compositora. Essa visão é reforçada nas entrevistas com os
pesquisadores musicais Ricardo
Cravo Albim, Reynaldo Tavares e
pianistas como Eudóxia de Barros, entre outros.
À medida que o locutor do programa apresenta fatos da história
do compositor, depoimentos do
biógrafo Luiz Antonio de Almeida lançam luz sobre as características pessoais de Nazareth, morto
pela sífilis em 1934, em uma colônia psiquiátrica no Rio.
O documentário é editado de
maneira bastante convencional,
mas serve como boa oportunidade de aproximação do público a
este que é o compositor nacional
mais executado depois de Villa-Lobos, que o considerava como a
verdadeira encarnação da alma
musical brasileira. Sem ter que tomar as "devidas proporções".
ERNESTO NAZARETH. Quando: hoje, às
14h, na Rede SescSenac.
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