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PATRIMÔNIO
Para Appelbaum, a Luz está mais "relaxada"
Designer diz que o Museu da Língua ajuda a criar centro "novo e vibrante"
EDUARDO SIMÕES
DA REPORTAGEM LOCAL
Diferentemente do arquiteto
Paulo Mendes da Rocha, que, em
entrevista publicada na Folha no
último domingo, disse que centros culturais não bastariam para
revitalizar o bairro da Luz, no centro de São Paulo, o americano
Ralph Appelbaum, que assina a
museografia do recém-aberto
Museu da Língua Portuguesa,
acredita que o processo de deterioração no entorno da Estação
da Luz levou uma freada.
"Olhe para a linguagem do corpo das pessoas no bairro agora e
compare com antes. Há quatro
anos atrás, as pessoas corriam das
ruas para entrar nos edifícios. Hoje, elas caminham da Pinacoteca
para o parque, tudo está mais relaxado", avalia Appelbaum.
O designer afirma que, como
um padrão em todo o mundo,
centros culturais fornecem uma
âncora para a revitalização de
áreas como a Luz. Para ele, o ideal
seria construir também universidades, escritórios e residências ali.
Mas o museu já ajudaria a criar
um "novo, robusto e vibrante"
centro. "Venha para cá em cinco,
50, cem anos. Como em qualquer
área onde haja espaço para lazer,
as pessoas permanecerão."
Appelbaum passou quatro anos
se dedicando ao projeto do Museu da Língua, seu terceiro no
Brasil. O primeiro foi o Memorial
do Rio Grande do Sul (2000); o segundo, a exposição "50 Anos de
TV e +" (2001), no Ibirapuera. Há
26 anos, ele se dedica a projetos
do gênero -museus interpretativos, que usam tecnologia de comunicação de ponta para embalar conteúdos como história natural, esportes etc. Appelbaum costuma receber críticas por conta do
caráter de entretenimento visual
com que impregna seus projetos.
E defende-se: museus não precisam ser de objetos, mas de idéias.
"A maior mudança na evolução
dos museus é que eles vêm expandindo o modo como se relacionam com o público. Depois da Segunda Guerra, criou-se mais tempo para o lazer. O que os museus
modernos aprenderam foi a usar
as novas ferramentas de comunicação para dizer: venha nos visitar. A realidade pode ser tão ou
mais excitante do que qualquer
coisa que um roteirista de Hollywood possa imaginar", diz.
No Museu da Língua, o trabalho
de Appelbaum foi dar corpo à alma local. Para o designer, que diz
que basta ficar de pé na Estação da
Luz para "ouvir" o museu, o mais
importante foi perceber uma característica do Brasil: as pessoas
cantam, escrevem e falam com
paixão. "Concluímos que os registros delas deveriam ser os artefatos do museu. Também há outros artefatos reais. Mas são apenas janelas."
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