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Crítica/"Arthur e os Minimoys"
Besson faz longa para vender elfos esotéricos
CRÍTICO DA FOLHA
Há algo de anacrônico
no lançamento de
"Arthur e os Minimoys": por mais que os distribuidores procurem caracterizá-lo como um produto voltado
para a ampla faixa dos fãs de
fantasia, seu público-alvo é o
infantil -ou, para aproximá-lo
da tradição que fez a fortuna
da Disney, a "família" (com
crianças).
Não há nenhuma lei estabelecendo que filmes com essas
características devam chegar
aos cinemas em período de férias escolares, mas é no que o
mercado parece acreditar. O
desrespeito a esse mandamento seria um anacronismo bem-vindo, ao menos para pais em
busca de alternativas de lazer
para os filhos.
Pais, aliás, são os que aprenderam há algum tempo a reconhecer quando um transatlântico assim, fruto da indústria
cultural que opera em escala
planetária, desembarca em
nossas praias: o longa-metragem é apenas o carro-chefe de
uma gama de produtos -livros
e álbuns de figurinhas, por
exemplo- que, por algum tempo, tendem a se tornar febre
de consumo.
A chave do negócio
Qual é o ponto-de-venda,
neste caso? O conceito de "gracinha esotérica" incorporado
pelos "minimoys", seres diminutos que guardam características humanas, mas que pertencem a um reino de fantasia
com regras particulares.
Se a onda pegou, talvez alguém já esteja lucrando com
adesivos para automóveis na linha do "Eu acredito em minimoys". E talvez alguém já tenha
pensado também em sua contrapartida cética, o "Eu atropelo minimoys".
Os elfos do filme foram criados inicialmente pelo casal
francês Céline e Patrice Gar-
cia, ambos autores de livros
em quadrinhos.
O diretor e produtor Luc Besson ("Imensidão Azul", "O Profissional") conheceu a família
de personagens em 1999, quando ainda não havia sido publicada, e começou a desenvolver
o projeto do longa, que consumiu cinco anos de pesquisa em
animação digital e foi precedido pelo lançamento de uma série de livros.
Dois mundos paralelos convivem. No dos seres humanos,
Arthur (Freddie Highmore, de
"Em Busca da Terra do Nunca"
e "A Fantástica Fábrica de Chocolate") encanta-se ao ouvir a
avó (Mia Farrow) falar sobre o
avô, um explorador desaparecido há alguns anos.
Especialmente curioso, o
menino se envolve em uma estratégia para salvar a propriedade da família que passa pela
busca a um tesouro.
O mistério será desvendado
no próprio jardim da casa, no
reino dos minimoys, criado a
partir de variadas soluções digitais. Ali, a princesa Selena,
heroína anabólica que lembra a
"Joana D'Arc" (2000) de Besson, procura impor sua jovem
liderança no combate ao vilão
Maltazard.
Crianças no comando da
ação, correspondendo heroicamente ao que se espera delas:
"Arthur e os Minimoys" segue
essa cartilha com a eficácia da
escola Disney-Spielberg.
(SÉRGIO RIZZO)
ARTHUR E OS MINIMOYS
Produção: França, 2006
Direção: Luc Besson
Com: Freddie Highmore, Mia Farrow e Penny Balfour
Quando: A partir de hoje nos cines Frei
Caneca Unibanco Arteplex, Pátio Higienópolis, Iguatemi Cinemark e circuito
Avaliação: Regular
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