São Paulo, sexta-feira, 23 de março de 2007

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Crítica/"Arthur e os Minimoys"

Besson faz longa para vender elfos esotéricos

CRÍTICO DA FOLHA

Há algo de anacrônico no lançamento de "Arthur e os Minimoys": por mais que os distribuidores procurem caracterizá-lo como um produto voltado para a ampla faixa dos fãs de fantasia, seu público-alvo é o infantil -ou, para aproximá-lo da tradição que fez a fortuna da Disney, a "família" (com crianças).
Não há nenhuma lei estabelecendo que filmes com essas características devam chegar aos cinemas em período de férias escolares, mas é no que o mercado parece acreditar. O desrespeito a esse mandamento seria um anacronismo bem-vindo, ao menos para pais em busca de alternativas de lazer para os filhos.
Pais, aliás, são os que aprenderam há algum tempo a reconhecer quando um transatlântico assim, fruto da indústria cultural que opera em escala planetária, desembarca em nossas praias: o longa-metragem é apenas o carro-chefe de uma gama de produtos -livros e álbuns de figurinhas, por exemplo- que, por algum tempo, tendem a se tornar febre de consumo.

A chave do negócio
Qual é o ponto-de-venda, neste caso? O conceito de "gracinha esotérica" incorporado pelos "minimoys", seres diminutos que guardam características humanas, mas que pertencem a um reino de fantasia com regras particulares.
Se a onda pegou, talvez alguém já esteja lucrando com adesivos para automóveis na linha do "Eu acredito em minimoys". E talvez alguém já tenha pensado também em sua contrapartida cética, o "Eu atropelo minimoys".
Os elfos do filme foram criados inicialmente pelo casal francês Céline e Patrice Gar- cia, ambos autores de livros em quadrinhos.
O diretor e produtor Luc Besson ("Imensidão Azul", "O Profissional") conheceu a família de personagens em 1999, quando ainda não havia sido publicada, e começou a desenvolver o projeto do longa, que consumiu cinco anos de pesquisa em animação digital e foi precedido pelo lançamento de uma série de livros.
Dois mundos paralelos convivem. No dos seres humanos, Arthur (Freddie Highmore, de "Em Busca da Terra do Nunca" e "A Fantástica Fábrica de Chocolate") encanta-se ao ouvir a avó (Mia Farrow) falar sobre o avô, um explorador desaparecido há alguns anos.
Especialmente curioso, o menino se envolve em uma estratégia para salvar a propriedade da família que passa pela busca a um tesouro.
O mistério será desvendado no próprio jardim da casa, no reino dos minimoys, criado a partir de variadas soluções digitais. Ali, a princesa Selena, heroína anabólica que lembra a "Joana D'Arc" (2000) de Besson, procura impor sua jovem liderança no combate ao vilão Maltazard.
Crianças no comando da ação, correspondendo heroicamente ao que se espera delas: "Arthur e os Minimoys" segue essa cartilha com a eficácia da escola Disney-Spielberg.
(SÉRGIO RIZZO)

ARTHUR E OS MINIMOYS
Produção:
França, 2006
Direção: Luc Besson
Com: Freddie Highmore, Mia Farrow e Penny Balfour
Quando: A partir de hoje nos cines Frei Caneca Unibanco Arteplex, Pátio Higienópolis, Iguatemi Cinemark e circuito
Avaliação: Regular


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