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Crítica
"Ben-Hur" reflete o espírito da Páscoa
CRÍTICO DA FOLHA
"Ben-Hur" é o filme certo
para o domingo de Páscoa, embora o horário (22h) em que o
TCM o programa não seja, nem
de longe, o mais apropriado.
Mas "Ben-Hur", em sua versão de 1959, carrega a pompa
de um acontecimento dessa
magnitude: uma ressurreição,
ou melhor, a ressurreição.
Estamos no começo do cristianismo, e Judah Ben-Hur
(Charlton Heston) alegra-se ao
saber do retorno de seu amigo
Messala a Jerusalém. Mas
Messala hoje é um representante de Roma. Enfim, Ben-Hur comerá o pão que o diabo
amassou, será enviado às galés,
verá suas parentes sofrendo.
Mas Ben-Hur é, além do
mais, Charlton Heston. De maneira que sabemos de antemão
que, no final das contas, a civilização judaico-cristã triunfará
sobre a barbárie romana.
Afinal, em linhas gerais, é isso que se celebra na Páscoa.
"Ben-Hur" acrescenta-lhe alguns elementos puramente cinematográficos: seu ponto alto
é a longa corrida de bigas em
que o protagonista se vê envolvido, em que precisa combater
com inteligência e habilidade a
brutalidade do antagonista.
Ao contrário de outras superproduções da época, este
"Ben-Hur" de William Wyler
não faz o elogio do martírio característico do início do cristianismo, mas de sua força.
Apesar dos dolorosos percalços que o entrecho reserva ao
herói, não é exagero dizer que
existe algo de eufórico e de feliz
em seu destino. É difícil encontrar um filme tão dentro do espírito do dia quanto este.
(IA)
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