|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
saiba mais
Produtoras tinham base em São Paulo
ROBERTO HIRAO
SECRETÁRIO DE REDAÇÃO
ADJUNTO DO "AGORA"
Os anos 60 foram uma
festa para os cinéfilos de
São Paulo, que dispunham
de quatro cinemas exclusivamente de filmes japoneses. Na época, o Japão era
o maior produtor de filmes
do mundo. Dos seus estúdios saíram obras de todos
os estilos, até westerns
com todos os clichês do gênero (duelos ao sol, brigas
intermináveis e ataques de
índios).
Todas as grandes produtoras japonesas, com exceção da Daiei, nomearam
representantes no Brasil.
A Toho, dona da maioria
dos filmes de Akira Kurosawa, foi mais longe: abriu
um escritório na Liberdade e mandou um executivo
a São Paulo para controlar
a exibição de suas produções. O cinema escolhido
foi o pequeno Joia.
O auditório da rua São
Joaquim abrigou o Cine
Tóquio, que mudaria posteriormente de nome para
Cine Nikkatsu. Na praça
Carlos Gomes, perto da
praça João Mendes, quando o filme era de Kurosawa ia direto para uma sala
da Cinelândia, na av. São
João. A Shochiku, estúdio
de prestígio, instalou-se
num local difícil, a pequena e tranquila rua Santa
Luzia.
Aos poucos o público
brasileiro foi se acostumando com o cinema japonês, e aconteceram sucessos como "Corvo Amarelo" e "O Homem do Riquixá". Mas o cinema do
Japão não era mais o mesmo. O público também
mudou.
Numa das sessões de um
filme do diretor Tomu
Uchida, um crítico entusiasmado com a sequência
de filmes se levantou e, aos
berros, disse: "Isto é cinema!". O público japonês,
não acostumado a esse tipo de manifestação, retirou-se da sala certo de que
havia um louco lá dentro.
Texto Anterior: Nos tempos de Kurosawa Próximo Texto: Cinemas viraram igrejas e jardim sujo Índice
|