São Paulo, terça-feira, 23 de março de 2010

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Produtoras tinham base em São Paulo

ROBERTO HIRAO
SECRETÁRIO DE REDAÇÃO ADJUNTO DO "AGORA"

Os anos 60 foram uma festa para os cinéfilos de São Paulo, que dispunham de quatro cinemas exclusivamente de filmes japoneses. Na época, o Japão era o maior produtor de filmes do mundo. Dos seus estúdios saíram obras de todos os estilos, até westerns com todos os clichês do gênero (duelos ao sol, brigas intermináveis e ataques de índios).
Todas as grandes produtoras japonesas, com exceção da Daiei, nomearam representantes no Brasil. A Toho, dona da maioria dos filmes de Akira Kurosawa, foi mais longe: abriu um escritório na Liberdade e mandou um executivo a São Paulo para controlar a exibição de suas produções. O cinema escolhido foi o pequeno Joia.
O auditório da rua São Joaquim abrigou o Cine Tóquio, que mudaria posteriormente de nome para Cine Nikkatsu. Na praça Carlos Gomes, perto da praça João Mendes, quando o filme era de Kurosawa ia direto para uma sala da Cinelândia, na av. São João. A Shochiku, estúdio de prestígio, instalou-se num local difícil, a pequena e tranquila rua Santa Luzia.
Aos poucos o público brasileiro foi se acostumando com o cinema japonês, e aconteceram sucessos como "Corvo Amarelo" e "O Homem do Riquixá". Mas o cinema do Japão não era mais o mesmo. O público também mudou.
Numa das sessões de um filme do diretor Tomu Uchida, um crítico entusiasmado com a sequência de filmes se levantou e, aos berros, disse: "Isto é cinema!". O público japonês, não acostumado a esse tipo de manifestação, retirou-se da sala certo de que havia um louco lá dentro.


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