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CINEMA
"Central do Brasil" perde para o italiano "A Vida É Bela'; Fernanda Montenegro não ganha prêmio de melhor atriz
Roberto Benigni vence como melhor ator
France Presse
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O brasileiro Walter Salles carrega o italiano Roberto Benigni após a premiação deste como melhor ator |
ADRIANE GRAU
enviada especial a Los Angeles
Gwyneth Paltrow ("Shakespeare
Apaixonado") ganhou o Oscar de
melhor atriz à 1h56 de hoje, derrotando a brasileira Fernanda Montenegro ("Central do Brasil").
O prêmio foi entregue pelo ator
Jack Nicholson. "Quero agradecer
a Emily Watson, Fernanda Montenegro, Cate Blanchett e à melhor
de todas, Meryl Streep", disse ela.
Fernanda foi a primeira atriz latino-americana a concorrer na categoria desde o início da premiação,
em 1929. A única estrangeira a ganhar um Oscar falando sua própria
língua foi a italiana
Sophia Loren, por
"Duas Mulheres",
em 1962.
Estrangeiro
"Roberto!" À 0h de
hoje, a atriz Sophia
Loren anunciou o
prêmio de melhor
filme estrangeiro a
seu amigo, o diretor
e ator italiano Roberto Benigni. Seu
filme, "A Vida É Bela", bateu o brasileiro "Central do Brasil", de Walter Salles.
"Eu saio daqui
com o Oscar, mas queria vocês
também", disse o diretor Roberto
Benigni. O comediante agradeceu
aos pais em Il Vergaio, a vila em
que nasceu e cresceu na Itália.
"Eles me deram o presente da pobreza", disse. Uma hora depois,
Benigni ganhou o prêmio de melhor ator. O filme levaria ainda melhor trilha sonora para drama,
apesar de ser uma comédia.
A estatueta de melhor filme, a
mais cobiçada da noite, ficou com
"Shakespeare Apaixonado", às
2h25, que levou sete prêmios no
total. Já o Oscar de melhor direção
foi para Steven Spielberg, por "O
Resgate do Soldado Ryan". Ele dedicou a estatueta às famílias que
perderam seus filhos na Segunda
Guerra Mundial.
A cerimônia de entrega do 71º
Oscar da Academia de Artes e
Ciências Cinematográficas de
Hollywood, no Dorothy Chandler
Pavilion, em Los Angeles, a primeira a acontecer num domingo,
começou às 22h30 (horário de Brasília) de ontem.
A atriz Whoopi Goldberg entrou
vestida como a atriz Judi Dench no
papel de rainha Elizabeth 1ª em
"Shakespeare Apaixonado". "Boa
noite, meus súditos, sou a rainha
africana", brincou Whoopi. Depois, apareceria ainda caracterizada de personagens de "A Vida em
Preto-e-Branco" e "A Bem-Amada", ainda inéditos no Brasil.
O primeiro prêmio da noite, de
ator coadjuvante, foi entregue a James Coburn ("Temporada de Caça"), 70 anos. Judi Dench ("Shakespeare Apaixonado") ganhou o
prêmio de melhor atriz coadjuvante, entregue por Robin Williams.
Foram premiados direção de arte, trilha sonora para comédia, figurino, roteiro original ("Shakespeare Apaixonado"), efeitos sonoros, som, montagem, fotografia
("O Resgate do Soldado Ryan"),
maquiagem ("Elizabeth"), curta
de ficção ("Election Night - Valgaften"), curta de animação
("Bunny"), apresentado por personagens de "Vida de Inseto", efeitos visuais ("Amor Além da Vida"), documentário ("The Last
Days"), documentário curta ("The
Personals"), canção original
("When You Believe", de "O Príncipe do Egito"), roteiro adaptado
("Deuses e Monstros").
Dois personagens estranhos ao
mundo cinematográfico compareceram ao palco. O senador e astronauta John Glenn apresentou um
tributo aos heróis retratados pelo
cinema, como Gandhi e Schindler.
O general Colin Powell apresentou
os indicados "O Resgate do Soldado Ryan" e "Além da Linha Vermelha", que tratam da Segunda
Guerra.
O Oscar deste ano foi
marcado por duas polêmicas. A primeira foi o
prêmio honorário dedicado ao cineasta Elia Kazan, 89, de "Sindicato de
Ladrões" (1954) e "Clamor do Sexo" (1961), entregue por Robert De Niro e Martin Scorsese.
Kazan denunciou oito
profissionais de cinema
ao Comitê de Atividades
Anti-Americanas do
Congresso, liderado pelo
senador Joseph Mc-
Carthy, em 1952. O comitê foi responsável pela
"caça às bruxas" no meio cinematográfico, que expurgou suspeitos
de estarem ligados ao partido comunista.
Parte da platéia, como Nick Nolte e Ed Harris, não se levantou nem
aplaudiu o prêmio. Outra polêmica foi o dinheiro investido pela Miramax para promover seus candidatos, o anglo-americano "Shakespeare Apaixonado" (US$ 15
mi) e o italiano "A Vida É Bela"
(US$ 9,25 mi).
Para muitos, o total foi considerado exagerado e suspeito. Para ter
uma idéia, o filme "O Resgate do
Soldado Ryan", com 11 indicações,
consumiu US$ 4,9 milhões, e
"Central do Brasil", US$ 250 mil.
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