RODOLFO LUCENA
EDITOR DE INFORMÁTICA

O documentário "Agatha Christie: Unfinished Portrait" é muito menos do que um retrato inacabado: não passa de um esboço, rápidas pinceladas sobre momentos da vida e da obra da maior contadora de histórias de detetives que o mundo já conheceu.
A prolífica escritora inglesa produziu mais de 70 romances e centenas de contos de mistério, além de mais de uma dúzia de tramas para o teatro -é dela a famosa "A Ratoeira", que estreou em 1952 e se tornou a peça mais tempo em cartaz na história.
Nascida em 1890, produziu sua primeira obra em 1920. "O Misterioso Caso de Styles" é também o mistério que apresenta o detetive belga que viria a se tornar um dos mais importantes personagens da literatura policial, Hercule Poirot.
Com ele e a velhinha Miss Marple, Agatha Christie conquistou leitores em todo o mundo: seus livros venderam mais de 1 bilhão de cópias em inglês e outro tanto em mais de 45 outros idiomas.
A vida da Grande Dama do Crime tem lances romanescos. Casada com um aviador, foi traída por ele e desapareceu por alguns dias. Depois do divórcio, casou-se com um arqueólogo, com quem fez várias expedições científicas. Morreu em 1976 (não foi crime).
Muito pouco dessa riqueza aparece no documentário, que começa chatinho, falando da vida pré-literária. Ganha interesse quando entra na obra de Christie e mostra como aspectos de sua vida viraram tema de histórias ou parte de seus mistérios.
A produção é uma colcha de retalhos: combina depoimentos de especialistas com trechos de filmes, fotos e partes de entrevistas da própria Christie. Destas, o documentário usa principalmente o áudio, que não é de boa qualidade. Mas uma série de retratos em preto-e-branco e os minúsculos pedaços de vídeos da Dama são emocionantes.
Ao final, quem nada conhece sobre Agatha Christie não fica sabendo muito, mas recebe uma boa impressão geral; quem é fã de carteirinha corre sério risco de ficar frustrado, ainda que possa experimentar bons momentos.