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ESTADOS UNIDOS
Robert McNamara fala de 1 milhão de mortos no Japão
DOS ENVIADOS A CANNES
Entre os fatos revelados em
"The Fog of War" (documentário
que dá voz a Robert McNamara)
está uma informação literalmente
bombástica. Pela primeira vez,
vem à tona a real dimensão dos
ataques ao Japão que precederam
o despejo de bombas atômicas em
Hiroshima e Nagazaki.
Meses antes dos fatídicos dias
de agosto de 1945, aviões B-29
despejaram toneladas de bombas
incendiárias em 65 cidades japonesas, Tóquio inclusive. McNamara calcula que pelo menos 1 milhão de civis tenham sido aniquilados, revelação que deverá
provocar, no mínimo, uma recontagem das vítimas da Segunda
Guerra. "McNamara nos contou
essa história nos primeiros cinco
minutos de entrevista. Custei a
acreditar", contou o cineasta Errol Morris, 55, no debate após a
projeção do filme em Cannes.
Não é sem remorso que McNamara faz essa revelação. Apesar
de empurrar parte da culpa para o
general Curtis LeMay, ele não se
exclui do planejamento dos ataques, que faziam parte de uma estratégia para diminuir as baixas americanas. Em seguida, ele chega a se perguntar por que apenas os perdedores são considerados
criminosos de guerra.
Jovem prodígio da Business
School de Harvard, McNamara
foi contratado para implementar
o departamento de Controle Estatístico da Aeronáutica. Depois da
guerra, trabalhou para a Ford e,
em 1961, juntou-se à equipe do recém-eleito John F. Kennedy como
secretário de Segurança.
Até hoje, McNamara é considerado o grande vilão da guerra do
Vietnã, da qual de fato foi um dos
principais estrategistas, mas o documentário lhe dá uma chance de
defesa. Na verdade, McNamara
teria defendido a retirada das tropas americanas do país. Gravações inéditas de conversas telefônicas entre McNamara e Lyndon
Johnson corroboram a tese.
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