São Paulo, terça-feira, 23 de maio de 2006

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Guzmán se repete ao buscar legado de Allende

DA REPORTAGEM LOCAL

A primeira imagem é a dos óculos quebrados. Aqueles que marcaram o rosto do presidente chileno Salvador Allende (1908-1973) nas imagens que restaram de seus efusivos discursos. A voz do cineasta Patrício Guzmán surge: "Minha vida não seria a mesma sem Allende. Eu não seria o que sou, se não fosse essa utopia rompida".
Guzmán, diretor da trilogia "A Batalha do Chile" (1975-77), volta a levar às telas a história do golpe militar que derrubou o regime socialista chileno, em 1973. "Allende", em cartaz nos países hispano-americanos mas ainda sem previsão de exibição aqui, é irregular e um tanto repetitivo para quem viu o filme de 1975, mas traz alguns detalhes novos. Entre eles, uma entrevista com o embaixador norte-americano no país então, em que este detalha como o governo dos EUA dava orientações para que se apoiasse os opositores de Allende.
O filme de Guzmán é parcial e laudatório: "Quis fazer um filme sobre um político que cumpre o que promete e, quando não consegue, se suicida. Quantos podem dizer isso?", disse ao diário argentino "Página 12". Mas, infelizmente, dá poucas respostas à pergunta a que se propõe: "O que teria restado de toda aquela utopia?". Em vez disso, recolhe curiosidades, como o fato de que Allende gostava de cazuela e empanadas e que teve uma infância feliz em Valparaíso. (SC)


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