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Livro/crítica
Autoras desenham trajetória da dança
INÊS BOGÉA
CRÍTICA DA FOLHA
C
ontinuando a boa leva
de livros de dança publicados em 2006, acaba de ser lançado "A História
Que se Dança - 45 anos do Movimento da Dança em Brasília"
de Yara de Cunto (concepção e
organização) e Susi Martinelli
(texto), com fotos de autores
diversos.
Dividido em grandes capítulos, o livro aborda desde os anos
60 até os dias de hoje. Na tentativa de compor um cenário dessa arte, o livro enumera eventos
marcantes e põe ênfase nas redes que se estabelecem ao longo do tempo. Deixa um bom registro, apontando a necessidade de uma reflexão analítica sobre o que foi feito. As fotos exploram a força da dança em si,
nas suas muitas vertentes, filtradas pelo olhar dos vários fotógrafos. Aqui ficam mais do
que nítidas as diferentes tendências da dança de Brasília.
Durante o período da ditadura militar, foram as escolas de
dança que mantiveram essa arte em atividade. Na década de
1970, a dança no Brasil, de modo geral, ganhou acentos modernos.
Também passou a ser pensada em relação às outras artes,
como se vê pela abertura na
UnB de cursos de extensão.
Nessa época, formaram-se diversos grupos, entre eles o Pitú,
de Hugo Rodas, o Adágio, de
Helena Alonso, e o Asas e Eixos,
de Yara de Cunto. Todos trouxeram novas linguagens e trabalharam no cruzamento da
dança e do teatro -um acento
que continua forte, ainda hoje,
na dança brasiliense.
Nas décadas de 80 e 90, o destaque maior ficou com o grupo
Endança, fundado por Luís
Mendonça e Márcia Duarte,
que teve reconhecimento nacional ao "enfatizar as possibilidades físicas do corpo utilizando espaços não convencionais". Desse período, também
vale ressaltar o surgimento do
grupo Stillo, de Rosa Coimbra,
a companhia Alaya, de Lenora
Lobo, a nova companhia de
Márcia Duarte, o grupo BaSirah e o Projeto Zona Z, de Giovane Aguiar e Giselle Rodrigues, que trouxe para a cidade
artistas nacionais e estrangeiros ligados à Nova Dança.
Outro fato marcante foi a
criação da Associação de Dança
do Distrito Federal, em 1986.
Naquele momento, muitos nomes ligados à dança profissional fizeram ações políticas no
sentido do fortalecimento da
classe e de suas necessidades.
Apesar de tudo isso, ainda hoje
não há uma graduação de dança
em Brasília, e deve-se ao movimento dos próprios artistas
que a dança encontre espaço,
pelas brechas. Nesse sentido,
também, esse livro é um passo
importante na história da dança do Brasil.
A HISTÓRIA QUE SE DANÇA
- 45 ANOS DO MOVIMENTO DA
DANÇA EM BRASÍLIA
Autoras: Yara de Cunto (concepção e
organização) e Susi Martinelli
Editora: Independente (distribuição
pela livraria Cultura)
Quanto: R$ 40 (144 págs.)
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