São Paulo, terça-feira, 23 de maio de 2006

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Livro/crítica

Autoras desenham trajetória da dança

INÊS BOGÉA
CRÍTICA DA FOLHA

C ontinuando a boa leva de livros de dança publicados em 2006, acaba de ser lançado "A História Que se Dança - 45 anos do Movimento da Dança em Brasília" de Yara de Cunto (concepção e organização) e Susi Martinelli (texto), com fotos de autores diversos. Dividido em grandes capítulos, o livro aborda desde os anos 60 até os dias de hoje. Na tentativa de compor um cenário dessa arte, o livro enumera eventos marcantes e põe ênfase nas redes que se estabelecem ao longo do tempo. Deixa um bom registro, apontando a necessidade de uma reflexão analítica sobre o que foi feito. As fotos exploram a força da dança em si, nas suas muitas vertentes, filtradas pelo olhar dos vários fotógrafos. Aqui ficam mais do que nítidas as diferentes tendências da dança de Brasília. Durante o período da ditadura militar, foram as escolas de dança que mantiveram essa arte em atividade. Na década de 1970, a dança no Brasil, de modo geral, ganhou acentos modernos. Também passou a ser pensada em relação às outras artes, como se vê pela abertura na UnB de cursos de extensão. Nessa época, formaram-se diversos grupos, entre eles o Pitú, de Hugo Rodas, o Adágio, de Helena Alonso, e o Asas e Eixos, de Yara de Cunto. Todos trouxeram novas linguagens e trabalharam no cruzamento da dança e do teatro -um acento que continua forte, ainda hoje, na dança brasiliense. Nas décadas de 80 e 90, o destaque maior ficou com o grupo Endança, fundado por Luís Mendonça e Márcia Duarte, que teve reconhecimento nacional ao "enfatizar as possibilidades físicas do corpo utilizando espaços não convencionais". Desse período, também vale ressaltar o surgimento do grupo Stillo, de Rosa Coimbra, a companhia Alaya, de Lenora Lobo, a nova companhia de Márcia Duarte, o grupo BaSirah e o Projeto Zona Z, de Giovane Aguiar e Giselle Rodrigues, que trouxe para a cidade artistas nacionais e estrangeiros ligados à Nova Dança. Outro fato marcante foi a criação da Associação de Dança do Distrito Federal, em 1986. Naquele momento, muitos nomes ligados à dança profissional fizeram ações políticas no sentido do fortalecimento da classe e de suas necessidades. Apesar de tudo isso, ainda hoje não há uma graduação de dança em Brasília, e deve-se ao movimento dos próprios artistas que a dança encontre espaço, pelas brechas. Nesse sentido, também, esse livro é um passo importante na história da dança do Brasil.


A HISTÓRIA QUE SE DANÇA - 45 ANOS DO MOVIMENTO DA DANÇA EM BRASÍLIA    
Autoras:
Yara de Cunto (concepção e organização) e Susi Martinelli
Editora: Independente (distribuição pela livraria Cultura)
Quanto: R$ 40 (144 págs.)


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