São Paulo, sexta-feira, 23 de maio de 2008

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CONEXÃO POP

Teoria da independência


Presidente de associação de festivais indies comenta questões como o aporte financeiro da Petrobras

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

HÁ DUAS semanas, esta coluna trouxe texto sobre a dependência de parte do circuito de festivais brasileiros de música do dinheiro da Petrobras. Abaixo, Fabrício Nobre, presidente da Associação Brasileira de Festivais Independentes (Abrafin), responde.

 

"O texto "Teoria da Dependência", publicado na Ilustrada do dia 9 de maio, trata dos festivais independentes de maneira generalista, além de conter dados incorretos. A Abrafin, mesmo não tendo sido nominalmente citada, bem como nenhum de seus associados, achou por bem enviar esta carta para corrigir alguns dados e clarear a visão distorcida do texto.
Fruto de um amplo movimento artístico, novos agentes emergiram na última década e construíram um circuito brasileiro de festivais de música que hoje é em parte organizado na Abrafin. Em menos de três anos, a associação estabeleceu um calendário oficial de festivais que conseguem dar palco a boa parte da produção de música brasileira atual. São 32 festivais de todas as regiões do país, dos mais diversos estilos musicais.
O que torna esses festivais independentes vai muito além do modo como são custeados. Alguns se bancam da própria bilheteria, outros via leis de incentivo, uma terceira opção é por meio de permutas ou até mesmo com um grande patrocínio, como foi citado no texto do colunista. Mas, apenas por isso, dizer que são "dependentes do dinheiro público" é uma informação generalista e incorreta. O que pode estar longe do conhecimento do grande público é que todos os festivais da Abrafin estão envolvidos (alguns por mais de uma década) numa cadeia produtiva que dura todo o ano, gerando emprego e cultura, e que têm nos festivais (patrocinados ou não), a sua vitrine nacional.
Outro dado incorreto diz respeito aos valores "gotejados na mão dos produtores de cada evento" via edital da Petrobras (www.editalfestivaisdemusica.com.br). Pelo menos dos associados da Abrafin, nenhum teve um aporte no valor citado via edital.
Sobre a relevância das atrações, é inegável que boa parte da nova música brasileira tem se apresentado nesses festivais. Independentemente de estilo, os festivais são a plataforma onde essa música está sendo apresentada ao público, até formando uma nova geração de pessoas interessadas em música -papel que já foi da rádio, da TV e até da imprensa musical brasileira.
A própria cobertura desses festivais, feita esporadicamente pela Folha, por vezes elogiosa, comprova que o repórter foi no mínimo preconceituoso ao criticar uma ou outra atração, assumindo que seu gosto pessoal deve ser mais importante que o do público que comparece aos shows, ou da curadoria dos festivais."

thiago@folhasp.com.br


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