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Encolheram o livro
Mercado brasileiro prepara-se para leitores eletrônicos, incluindo distribui ção digital em contratos e experim entando aparelhos disponíveis
EDUARDO SIMÕES
DA REPORTAGEM LOCAL
Anunciado no início deste
mês, o Kindle DX (pronuncia-se "quindou"), o mais novo leitor eletrônico de livros e jornais da Amazon, é mais um passo numa esperada revolução na
forma de armazenar, transferir
e consumir livros, algo talvez
comparável ao que aconteceu
com a indústria da música e os
aparelhos como os tocadores
de MP3, na década de 90, e o
iPod, que surgiu em 2001.
Embora os aparelhos e livros
digitais ainda sejam limitados
aos EUA e não tenham previsão
de chegar ao Brasil, o assunto já
está na pauta das principais
editoras do mercado e também
das grandes livrarias. Por
exemplo, a maioria dos contratos assinados nos últimos três
anos, quando surgiram os primeiros leitores Kindle e Reader
(da Sony), já inclui o direito à
distribuição na forma digital. E
as editoras, de um modo geral,
afirmam poder produzir rapidamente as versões e-books de
seu catálogo.
"Temos arquivos digitais de
tudo, estamos muito preparados para distribuir 100% do
nosso catálogo principal", diz
Mauro Palermo, diretor-executivo da Nova Fronteira. "A adesão do leitor será rápida porque
a plataforma é irresistível. Inicialmente, a distribuição continuará sendo feita pelos parceiros livreiros. E ganharão muito
os que têm uma boa loja .com."
Marcílio D'Amico Pousada,
diretor-presidente da Livraria
Saraiva, que acaba de lançar um
serviço de aluguel e compra de
filmes via download pelo site,
acredita que o "negócio do livro
digital vai evoluir".
"A internet já representa
33% do faturamento da Saraiva. As experiências com livros
digitais ainda não são definitivas, mas já estão avançadas.
Quando a fotocópia apareceu,
nos anos 60, achavam que o livro iria acabar. Mas há um convívio até hoje. O livro físico é difícil de ser 100% substituído,
mas, em parte, sim."
Aparelhos
A compra e download de livros digitais ainda é exclusiva
para o território americano, seja via conexão à internet por
meio de um computador (caso
do Sony Reader) ou por uma rede sem fio exclusiva, caso do
Kindle (Amazon). Porém, os
editores brasileiros já vêm testando os aparelhos com textos
em formato PDF ou versões digitais de livros já em domínio
público, disponíveis no Google.
As avaliações são diversas.
Luciana Villas-Boas, diretora-editorial da Record, tem um
Sony Reader, cuja tela ainda
considera "muito fosca". A editora também acha improvável
uma grande adesão a um aparelho caro que vai "sujar ou enferrujar" se levado à praia.
Paulo Roberto Pires, da editora Agir (grupo Ediouro), que
já utiliza o aplicativo gratuito
Stanza para ler livros digitais
ou arquivos PDF em seu iPhone, considera uma "bobagem" a
discussão de que não se pode
ler bem numa tela. "Os aparelhos não substituem o livro,
mas dá para ler na tela, sim."
Menos entusiasmada com os
aparelhos de leitura disponíveis, a diretora de produção da
Companhia das Letras, Elisa
Braga, diz que, em termos de visualização, o Kindle é o melhor,
"tem menos reflexo na tela".
Mas ressalva: "São pouco práticos. E mais, um aparelho somente para leitura, por quase
500 dólares, é algo que não vai
pegar no Brasil. Só vai funcionar quando houver um dispositivo que integre tudo, como um
celular com tela dobrável".
Sergio Herz, diretor de operações da Livraria Cultura,
também aponta problemas
com os aparelhos. Com os custos de importação, se eles chegassem ao Brasil hoje, não sairiam por menos de US$ 600 ou
700, cerca de R$ 1,5 mil. E mais:
"Quem viaja, a trabalho ou em
férias, vai querer carregar notebook, celular e ainda um e-reader? Com os respectivos cabos
e carregadores? O quanto estamos dispostos a ter e carregar
tantos cacarecos?", questiona.
Futurologia
Ponderado, Roberto Feith,
diretor-presidente da editora
Objetiva, arrisca o que chama
de "exercício de futurologia"
para estabelecer algumas etapas para a chegada dos aparelhos e adesão aos livros digitais.
Para Feith, a primeira etapa
será de downloads para leitura
em celulares avançados, já existentes no mercado. A segunda
deve acontecer com a chegada
dos primeiros Sony Readers
importados e com custo alto.
"Devem ser usados mais como ferramenta de trabalho para pessoas que precisam carregar com frequência grandes volumes de texto, como advogados, jornalistas e editores", diz.
A quarta etapa, afirma o editor, começará quando houver
aparelhos de leitura e redes de
distribuição sem fio.
"Esta é a imensa diferença
entre o Kindle e os demais dispositivos de leitura, como o
Sony Reader", diz Feith. "O
Kindle é o único que funciona
sem fio, permitindo a compra,
por impulso ou não, de qualquer conteúdo digital a partir
de quaisquer lugar e hora. Ou
seja, o Kindle não oferece apenas uma alternativa equivalente de leitura. Ele oferece uma
importante vantagem em comparação com a compra e leitura
de livros impressos, que é a
compra instantânea, de qualquer texto, em qualquer lugar."
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