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TELEVISÃO
Maioria dos candidatos do novo programa, que estréia hoje, fez faculdade nota C; ninguém é da USP ou da FGV
Aprendizes de Justus derrapam no Provão
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Foram mais de 50 mil inscritos,
segundo a Record, mas nenhum
dos 16 candidatos selecionados
para a segunda edição de "O
Aprendiz", que estréia hoje, fez
faculdade na USP ou na FGV. São
poucos os que se graduaram em
universidades "top", com conceito A no último Provão. A maioria
tem diploma de cursos nota C.
O "reality show" é apresentado
por Roberto Justus, dono de uma
das maiores agências de publicidade do país, e se vende como
uma aula de seleção de executivos. O vencedor receberá salário
de R$ 250 mil/ano para atuar em
uma das cinco empresas do publicitário. Apesar da "bolada", há
apenas quatro notas A dentre os
aprendizes: um fez direito na PUC
de Minas, duas se formaram em
administração pela ESPM (Escola
Superior de Propaganda e Marketing) e uma pelo Mackenzie (SP).
Na turma menos privilegiada,
há três de uma faculdade de Osasco (Fieo, Grande SP), três da Unip
e uma da Fiam (capital). A maior
parte é administrador de empresas, mas concorrem ainda um
químico graduado na Baixada
Fluminense (Duque de Caxias) e
uma engenheira da Faap (SP).
O levantamento realizado pela
Folha teve como base o Exame
Nacional de Cursos (Provão) de
2003 -com conceitos de A, para
os melhores, até E-, já que em
2004 o Ministério da Educação alterou critérios e focou a avaliação
em faculdades da área da saúde.
Formado em administração pelo Mackenzie (nota A), Roberto
Justus afirma ser uma "coincidência" o fato de a maioria ter cursos
nota C. "Dentre os quase 60 mil
inscritos certamente havia gente
da USP e da FGV." Segundo ele,
os formados pelas melhores universidades podem não ter sido escolhidos "por não demonstrarem
aptidões importantes para a televisão, como ser extrovertido e ter
facilidade de comunicação".
Justus considera a procedência
do diploma de graduação "importante, mas não excludente"
em um processo seletivo. "É claro
que prefiro o melhor dos mundos, mas não podemos nos esquecer de que isso é um programa, e o
estilo da pessoa conta muito."
O publicitário lembra que a
maioria dos aprendizes tem também no currículo cursos de pós-graduação -da ESPM, Mackenzie, FGV do Rio, entre outros- e
fluência em inglês. "Já vi gente
medíocre de universidade "top".
Quem faz a faculdade é o aluno."
Ele cita a vencedora de "O
Aprendiz 1", Vivianne Ventura,
formada em administração pela
Unip (nota C). "Ela é ótima."
Na primeira versão de "O
Aprendiz", veiculada no ano passado pela Record, a seleção não
foi muito diferente da atual.
No "reality show" original,
apresentado pelo milionário norte-americano Donald Trump, há
participantes da Harvard e outras
famosas, mas a maioria também
não tem diploma "de grife".
A "headhunter" (caça-talento
do mundo dos negócios) Patrícia
Epperlein afirma que a faculdade
"é muito importante" no processo seletivo e que grandes companhias só analisam os currículos de
graduados nas melhores do país.
"É possível encontrar um alto
executivo formado em universidades com notas baixas no Provão, mas é uma exceção. Se não tiver formação de primeira linha, o
candidato terá de demonstrar
muito esforço para suprir isso,
com boas especializações e uma
ótima experiência profissional",
diz a sócia-diretora da Mariaca &
Associates, especializada em recrutamento de executivos.
"Algumas empresas vão às universidades "top" oferecer estágio a
fim de segurar os melhores."
Ibope e faturamento
Além da estréia hoje (às 22h15),
"O Aprendiz 2" terá outros 15 episódios, às terças e quintas. A primeira edição obteve média de 11
pontos de audiência (cada ponto
equivale a 52,3 mil domicílios na
Grande SP), e a Record espera um
crescimento de 30% no Ibope.
O novo "Aprendiz" já faturou
R$ 31 milhões com publicidade,
contra R$ 11 milhões do primeiro.
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