São Paulo, quinta-feira, 23 de junho de 2005

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TELEVISÃO

Maioria dos candidatos do novo programa, que estréia hoje, fez faculdade nota C; ninguém é da USP ou da FGV

Aprendizes de Justus derrapam no Provão

LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Foram mais de 50 mil inscritos, segundo a Record, mas nenhum dos 16 candidatos selecionados para a segunda edição de "O Aprendiz", que estréia hoje, fez faculdade na USP ou na FGV. São poucos os que se graduaram em universidades "top", com conceito A no último Provão. A maioria tem diploma de cursos nota C.
O "reality show" é apresentado por Roberto Justus, dono de uma das maiores agências de publicidade do país, e se vende como uma aula de seleção de executivos. O vencedor receberá salário de R$ 250 mil/ano para atuar em uma das cinco empresas do publicitário. Apesar da "bolada", há apenas quatro notas A dentre os aprendizes: um fez direito na PUC de Minas, duas se formaram em administração pela ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing) e uma pelo Mackenzie (SP).
Na turma menos privilegiada, há três de uma faculdade de Osasco (Fieo, Grande SP), três da Unip e uma da Fiam (capital). A maior parte é administrador de empresas, mas concorrem ainda um químico graduado na Baixada Fluminense (Duque de Caxias) e uma engenheira da Faap (SP).
O levantamento realizado pela Folha teve como base o Exame Nacional de Cursos (Provão) de 2003 -com conceitos de A, para os melhores, até E-, já que em 2004 o Ministério da Educação alterou critérios e focou a avaliação em faculdades da área da saúde.
Formado em administração pelo Mackenzie (nota A), Roberto Justus afirma ser uma "coincidência" o fato de a maioria ter cursos nota C. "Dentre os quase 60 mil inscritos certamente havia gente da USP e da FGV." Segundo ele, os formados pelas melhores universidades podem não ter sido escolhidos "por não demonstrarem aptidões importantes para a televisão, como ser extrovertido e ter facilidade de comunicação".
Justus considera a procedência do diploma de graduação "importante, mas não excludente" em um processo seletivo. "É claro que prefiro o melhor dos mundos, mas não podemos nos esquecer de que isso é um programa, e o estilo da pessoa conta muito."
O publicitário lembra que a maioria dos aprendizes tem também no currículo cursos de pós-graduação -da ESPM, Mackenzie, FGV do Rio, entre outros- e fluência em inglês. "Já vi gente medíocre de universidade "top". Quem faz a faculdade é o aluno."
Ele cita a vencedora de "O Aprendiz 1", Vivianne Ventura, formada em administração pela Unip (nota C). "Ela é ótima."
Na primeira versão de "O Aprendiz", veiculada no ano passado pela Record, a seleção não foi muito diferente da atual.
No "reality show" original, apresentado pelo milionário norte-americano Donald Trump, há participantes da Harvard e outras famosas, mas a maioria também não tem diploma "de grife".
A "headhunter" (caça-talento do mundo dos negócios) Patrícia Epperlein afirma que a faculdade "é muito importante" no processo seletivo e que grandes companhias só analisam os currículos de graduados nas melhores do país.
"É possível encontrar um alto executivo formado em universidades com notas baixas no Provão, mas é uma exceção. Se não tiver formação de primeira linha, o candidato terá de demonstrar muito esforço para suprir isso, com boas especializações e uma ótima experiência profissional", diz a sócia-diretora da Mariaca & Associates, especializada em recrutamento de executivos.
"Algumas empresas vão às universidades "top" oferecer estágio a fim de segurar os melhores."

Ibope e faturamento
Além da estréia hoje (às 22h15), "O Aprendiz 2" terá outros 15 episódios, às terças e quintas. A primeira edição obteve média de 11 pontos de audiência (cada ponto equivale a 52,3 mil domicílios na Grande SP), e a Record espera um crescimento de 30% no Ibope.
O novo "Aprendiz" já faturou R$ 31 milhões com publicidade, contra R$ 11 milhões do primeiro.


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