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Crítica
"O Pagador" relê princípios da Vera Cruz
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Não espanta que o pessoal do
cinema novo tenha tomado
uma distância colossal em relação a "O Pagador de Promessas" (Canal Brasil, 15h15).
Embora produzido pela Cinedistri de Oswaldo Massaini,
o filme de Anselmo Duarte representou uma espécie de
triunfo do espírito da Vera
Cruz ao ganhar a Palma de Ouro de 1962 em Cannes.
Mas era de uma Vera Cruz
revista e ampliada que se tratava. Se a luz de Chick Fowle se
opunha a tudo o que o cinema
novo poderia pretender, assim
como o emprego de maquinário pesado, a dramaturgia populista de Dias Gomes trazia ao
primeiro plano o homem brasileiro "real", aquele que os cinemanovistas tanto desejavam
registrar.
Havia confusão no ar e era
preciso evitá-la. Vem daí o obcecado, injusto silêncio desses
autores sobre a obra de Anselmo Duarte. Que é indiscutivelmente irregular, coisa de artesão e não de autor.
Mas "O Pagador de Promessas" tem um toque de coisa
clássica, não acadêmica.
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