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Obra de Ondjaki volta à Luanda dos anos 80
DA REPORTAGEM LOCAL
Na Luanda dos anos 80, o
português confundia-se com o
espanhol e o russo na tranquila
praia do Bispo, onde o escritor
Ondjaki, 31, foi criado.
Em meio à Guerra Fria, os
angolanos conviviam com cubanos e soviéticos e tinham a
paz de sua rotina ameaçada por
estes últimos, empenhados em
construir no local um mausoléu para o presidente Agostinho Neto, morto em 1979.
As lembranças que o autor
tem daqueles tempos servem
de base para "AvóDezanove e o
Segredo Soviético", que tem
lançamento nesta quinta, na
Livraria da Travessa, no Rio.
Mas, como ele próprio ressalta,
a história "torna-se ficção desde o primeiro instante".
"Qualquer visão da realidade,
escrita num livro de ficção, é já
um multifacetado espelho para
novas interpretações. Fica
muito difícil delinear a fronteira entre o que houve e o que não
se passou bem assim", diz o autor, o mais celebrado nome da
nova geração na literatura africana, que hoje vive no Rio.
No romance, dois meninos
criam um plano mirabolante
para evitar perder as suas casas
para a obra no local. É um
"exercício do que poderia ter
acontecido", afirma o autor,
que registra "os desejos e as
conversas das crianças que testemunhavam uma mudança
radical no seu bairro".
Conhecido por suas narrativas marcadas pela oralidade,
Ondjaki celebra esse olhar infantil e o encontro de linguagens em Luanda numa escrita
que transborda ironia. Um dos
personagens russos, Bilhardov,
por exemplo, vira para as crianças o "camarada Botardov" por
causa do modo como se dirigia
às pessoas em qualquer hora do
dia -"bótard", tentando dizer
"boa tarde".
(RC)
AVÓDEZANOVE E O SEGREDO
SOVIÉTICO
Autor: Ondjaki
Editora: Companhia das Letras
Quanto: R$ 36 (192 págs.
)
Lançamento: qui., às 19h, na Livraria da Travessa (av. Afrânio de Melo
Franco, 290, RJ, tel. 3138-9600)
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