São Paulo, quarta-feira, 23 de junho de 2010

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Versão original

Grupo cover que fez show na Virada Cultural como o Temptat ions não tem permiss ão para usar nome, diz Otis Williams, da banda original; clássicos da Motown são relançados

9.mai.77/Associated Press
O grupo The Temptations posa durante festa no Studio 54 em Nova York em 1977

FERNANDA EZABELLA
DE LOS ANGELES

A Motown, uma das gravadoras de maior influência na cultura pop, volta ao noticiário para confundir os fãs. Para quem se emocionou cantando juntinho "My Girl" na Virada Cultural, há um mês, em São Paulo, lá vai a notícia triste: você foi enganado.
Mas, se por acaso alguém tocar "Mein Girl" e "Solamente Lei", versões em alemão e italiano do hit dos Temptations, não se preocupe, elas são originais.
Já o grupo anunciado como The Temptations Feat. Glenn Leonard não passa de mais um das centenas de impostores que pegam carona no nome de bandas famosas para embolsar uma grana.
Segundo a prefeitura, o show da Virada Cultural foi baseado no repertório do grupo e o nome do The Temptations foi usado para divulgar a atração principal, Glenn Leonard.

VERSÃO EUROPEIA
A fama internacional dos Temptations e de outros artistas da Motown começou cedo. Fundada por Berry Gordy Jr. em 1960, em Detroit, nos EUA, a empresa logo expandiu os negócios para a Europa levando músicos negros como Supremes, Marvin Gaye e Stevie Wonder.
Para completar a invasão europeia, foram feitas versões de clássicos dos grupos em línguas locais, como espanhol e francês.
O swing e as vozes são familiares, mas alguns títulos ficaram irreconhecíveis, como "Je Veux Crier" (vou chorar), versão para "My Foolish Heart" (meu tolo coração), das Velvelettes.
Trinta e oito dessas músicas, gravadas nos anos 60, estão reunidas em "Motown Around the World" (US$ 26,99 na Amazon; sem previsão de chegar ao Brasil), álbum de edição limitada.
"Os selos que distribuíam Motown na Europa pediam músicas na língua local", disse à Folha Harry Weinger, produtor da compilação e principal arquivista da Motown, hoje da Universal.
Enquanto alguns músicos tinham facilidade com a nova língua, como a cantora Cal Gill, das Velvelettes, que falava francês, outros tiveram aulas com professores.
"Ensinavam-nos as músicas foneticamente. Mas nunca cantamos ao vivo", recorda, por telefone, Otis Williams, do Temptations.
De fato, apesar do sucesso dos singles, quando as turnês chegavam à Europa as canções originais em inglês já estavam disseminadas.
Mary Wilson, ex-Supremes, recorda que muitos países pediam músicas, mas não se lembra do Brasil. "Mas estávamos tão ligadas em música brasileira que, no primeiro especial de TV, em 1968, cantamos "Mas que Nada'", diz, por telefone. "Pena que cortaram essa parte!"

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