São Paulo, quinta-feira, 23 de junho de 2011

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Marin Alsop rege Mahler hoje na Sala São Paulo

Apresentação será a primeira com a Osesp desde que ela se tornou regente titular da orquestra, em fevereiro

Espetáculo integra projeto de execução integral das obras do compositor austríaco, que morreu há cem anos

IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Marin Alsop, 54, faz nesta semana, na Sala São Paulo, suas primeiras apresentações com a Osesp desde que foi designada regente titular da orquestra.
Anunciada em fevereiro, Alsop assume o comando da sinfônica no ano que vem, por um período de cinco temporadas. Suas funções no Brasil serão concomitantes com as que exerce na Sinfônica de Baltimore (EUA), dirigida por ela desde 2007.
De quinta a sábado, Alsop rege a quinta sinfonia de Gustav Mahler (1860-1911), dentro do projeto de execução integral das obras sinfônicas do compositor austríaco que a Osesp vem empreendendo desde o ano passado, para celebrar as efemérides de seu 150º aniversário de nascimento (2010) e centenário de falecimento (2011).
A obra é precedida por "Short Ride in a Fast Machine", fanfarra composta em 1986 pelo norte-americano John Adams, 64.
"A peça de Adams é curta, concisa e divertida e contrasta fortemente com a grandiosa jornada épica que é a sinfonia de Mahler", disse Alsop à Folha, anteontem, pouco antes de se encaminhar à Sala São Paulo para presenciar a apresentação da Orquestra Simón Bolívar, da Venezuela.
Como é de praxe nas sinfonias do compositor, a quinta emprega uma orquestra grande e é de longa duração (em média 70 minutos).
Dividida em cinco movimentos, ela começou a ser escrita no verão europeu de 1901 e estreou em Colônia (Alemanha) em 1904.
Alsop tem bastante familiaridade com a obra: "Fiz muitas vezes em Baltimore e gravei-a em 2007 com a Orquestra Sinfônica de Londres", explica.
A regente gosta de ler a peça em uma chave pessoal: no período de sua composição, Mahler conheceu Alma Schindler, 19 anos mais jovem, com a qual se casou em 1902.
"Eu não falaria que ele estava envergonhado, mas pode-se dizer que Mahler se encontrava um pouco tímido por assumir abertamente um relacionamento com uma pessoa tão mais nova", afirma Alsop.
Nessa perspectiva, ela não gosta de ver no mais célebre movimento da sinfonia, o quarto, "Adagietto", o caráter trágico que ele assumiu, especialmente depois de sua utilização em "Morte em Veneza" (1971), adaptação cinematográfica da novela homônima do alemão Thomas Mann (1875-1955) feita pelo diretor Luchino Visconti (1906-1976).
"O "Adagietto" não é trágico, é íntimo. Depois daqueles gigantescos três primeiros movimentos, Mahler se volta para si mesmo e canta seu amor por Alma", diz.
"Essa relação também influenciou o último movimento da sinfonia, que tem um final mais alegre e otimista do que outras obras de Mahler."
De São Paulo, ela segue para Amsterdã, onde rege a Orquestra da Rádio Netherlands. Antes de retomar a temporada em Baltimore, em meados de setembro, apresenta-se, em agosto, no Cabrillo Festival, evento californiano dedicado à música contemporânea do qual ela é diretora artística desde 1992.
No final do mesmo mês, volta à Sala São Paulo, para dirigir a Osesp em um programa que traz como solista o badalado violinista francês Renaud Capuçon, 25.

OSESP E MARIN ALSOP

QUANDO hoje e amanhã, às 21h; sáb., às 16h30
ONDE Sala São Paulo (pça. Júlio Prestes, 16; tel. 0/xx/11/3223-3966)
QUANTO de R$ 24 a R$ 135
CLASSIFICAÇÃO 7 anos


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