São Paulo, quinta-feira, 23 de junho de 2011

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Mostra redescobre Sérvulo Esmeraldo

Artista cearense é tema de retrospectiva na Pinacoteca do Estado, com 117 obras de seus 60 anos de carreira

Gravurista e escultor, Sérvulo bebeu na fonte da arte cinética, movimento que eclodia em Paris nos anos 70

Divulgação
Da esq. para a dir.: Sérvulo Esmeraldo, Flávio-Shiró, Rossini Peres, Arthur Luiz Piza e Sérgio Camargo; em pé, Lygia Clark

GABRIELA LONGMAN
DE SÃO PAULO

Em 1951, um jovem cearense ajudava a martelar gravuras de Goeldi e Aldemir Martins na montagem da primeira Bienal Internacional de São Paulo. Nos anos subsequentes, ele voltaria à mostra, já como artista, expondo gravuras que se tornavam cada vez mais abstratas.
Esse homem é Sérvulo Esmeraldo, artista que aos 82 anos -60 de carreira- ganha agora uma retrospectiva na Pinacoteca do Estado.
Com um percurso que partiu da gravura em direção à escultura, Sérvulo bebeu na fonte da arte cinética, movimento que eclodia em Paris, cidade em que viveu por quase 30 anos) -partiu como bolsista do governo francês em 1958 e só regressou de forma definitiva em 1975.
Uma foto de 1970 mostra um grupo de artistas sentados no jardim de Luxemburgo: Sérvulo com Flávio-Shiró, Lygia Clark, Rossini Peres, Arthur Luiz Piza, Sérgio Camargo.
Foi nesse cenário, e cercado em grande medida por esse grupo, que construiu uma trajetória ligada à geometria.
Como escreveu o curador Ricardo Resende: "Sérvulo não pertenceu ao grupo dos concretos e neoconcretos, período que coincide com sua residência na França, mas é fundamental para se pensar o abstracionismo geométrico e a arte cinética. O artista sempre observou o lado construtivo e o funcionamento das coisas".
O contato do curador com a obra de Sérvulo começou quando esteve à frente do Museu de Arte Contemporânea do Ceará. Na época, a instituição foi contemplada com um edital que permitia a aquisição de acervo, e Resende insistiu na necessidade de comprar obras de Sérvulo, "sem dúvida, o maior artista cearense vivo".
Das 117 obras agora reunidas, cerca de 40 vêm desse projeto de aquisição. Muitas são do acervo da Pinacoteca, e outras foram aparecendo a partir de pesquisa junto a colecionadores.
"A obra não está catalogada. Quando a retrospectiva foi anunciada, muita gente veio me dizer que tinha trabalhos do Sérvulo", contou Resende.
Para mostrar o rigor inventivo do artista, o curador montou uma exposição que acompanha cronologicamente suas experimentações. Um dos destaques é, sem dúvida, quadros e objetos da série de "excitáveis". Movidos por eletricidade eletrostática, interagem com a mão do espectador como se ganhassem vida.

REVISÃO CRÍTICA
Com a exposição, a obra de Sérvulo é tema de um livro organizado pela historiadora e crítica de arte Aracy Amaral. No volume estão textos críticos de Resende, Dodora Guimarães, Agnaldo Farias, entre outros, além de uma entrevista com Sérvulo feita por Lisette Lagnado.
Em boa hora, a iniciativa vem revisitar uma obra que passou os últimos 30 anos bastante circunscrita ao circuito de arte cearense.

SÉRVULO ESMERALDO

QUANDO de ter. a dom., das 10h às 18h; até 14/8
ONDE Pinacoteca do Estado (pça da Luz, 2, tel. 0/xx/11/3324-1000)
QUANTO R$ 6


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