São Paulo, terça, 23 de junho de 1998

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Pai-de-santo mantém vivas tradições

da Reportagem Local

O pai-de-santo Euclides Ferreira, um dos entrevistados em "Tambores do Maranhão", preserva ritmos tradicionais maranhenses nos dois terreiros que dirige em São Luís: a Casa Fanti Ashanti e o Terreiro da Turquia.
A Casa Fanti Ashanti é, segundo pai Euclides, o único terreiro de candomblé na capital do Estado.
A casa também sedia cerimônias de tambor de mina, religião afro-brasileira que guarda diversas semelhanças com o candomblé. As divindades veneradas por ambas as religiões são as mesmas, mas, segundo pai Euclides, há diferenças quanto à indumentária, aos ritmos e aos ritos de cada uma.
Na Casa Fanti Ashanti, pai Euclides pratica diversas manifestações características do Maranhão, tais como tambor de taboca -tocado com gomos de bambu sobre folhas secas-, canjerê -festa que concilia tradições africanas e indígenas, cantada em tupi-guarani- e o baião das princesas, que, de acordo com pai Euclides, é totalmente diferente do "baião profano praticado pelo povo".
O baião das princesas se assemelha às danças espanholas, pois suas dançarinas acompanham a música tocando castanholas. Os principais instrumentos são violão, violino, pandeiro e acordeão.
Pai Euclides já lançou dois livros sobre cultos afro-brasileiros e dois discos com gravações de ritmos de origem africana.
Além das apresentações que faz nos terreiros, pai Euclides também realiza exibições para o grande público, nas quais toca, entre outros gêneros, o tambor de crioula, semelhante ao tambor de mina, mas que, diferentemente deste, é tocado em festas populares e não em ritos religiosos. Apesar de não terem caráter religioso, as festas de tambor de mina prestam tributos a santos católicos.
Não são apenas as manifestações de origem afro que interessam ao pai-de-santo. Ele costuma participar da festa do divino, celebração popular de origem católica.
Nascido em 37, o pai-de-santo já prepara seus sucessores para dar continuidade às suas atividades religiosas e de divulgação de festas e ritmos maranhenses.
"É um preparação lenta, mas já existem pessoas nos terreiros que poderão me substituir quando eu me for", diz o pai-de-santo. (BG)



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