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RELÂMPAGOS
Estudante
JOÃO GILBERTO NOLL
Ele não queria soluções domésticas: sofá, porta para o
quarto, depois o sono, mais
nada. Preferia sondar a extremidade púrpura de um surto
de abismo. De fato, sua cabeça, como se à beira de um penhasco, pendia sobre a taça só
com os sedimentos do vinho.
O garçom martelando que a
casa ia fechar... Mas o que ele
queria para além de estar ali?
Chegava mesmo tão distante
assim o seu desejo, a ponto de
penetrar no que a vida nem
podia abarcar? Fez um muxoxo, pediu a conta. Saiu. Circulou em volta do poste; precisava de um tempo antes de
decidir. Programava fazer hora sem saber se teria alguma
ocupação para depois? Um
motorista de táxi o olhou como se esperasse o sinal de
uma nova corrida. Ele respondeu fechando os olhos
numa lassidão, até tontear...
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