São Paulo, segunda-feira, 23 de julho de 2001

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RELÂMPAGOS

Estudante

JOÃO GILBERTO NOLL

Ele não queria soluções domésticas: sofá, porta para o quarto, depois o sono, mais nada. Preferia sondar a extremidade púrpura de um surto de abismo. De fato, sua cabeça, como se à beira de um penhasco, pendia sobre a taça só com os sedimentos do vinho. O garçom martelando que a casa ia fechar... Mas o que ele queria para além de estar ali? Chegava mesmo tão distante assim o seu desejo, a ponto de penetrar no que a vida nem podia abarcar? Fez um muxoxo, pediu a conta. Saiu. Circulou em volta do poste; precisava de um tempo antes de decidir. Programava fazer hora sem saber se teria alguma ocupação para depois? Um motorista de táxi o olhou como se esperasse o sinal de uma nova corrida. Ele respondeu fechando os olhos numa lassidão, até tontear...


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