São Paulo, terça-feira, 23 de julho de 2002

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Boa visitação pode ser "faca de dois gumes"

DA REPORTAGEM LOCAL

Segundo a diretora do Museu Lasar Segall, Denise Grinspum, a grande participação de estudantes nas exposições "é uma faca de dois gumes". "Há pesquisas que mostram que essas visitas podem ser traumáticas. Às vezes, os estudantes lembram-se do trajeto do ônibus, quem sentou-se ao seu lado, o que comeu, mas não se recordam da exposição", afirma a diretora.
No entanto, Grinspun também acredita que há um lado positivo e cita sua própria história como exemplo: "foi numa dessas excursões que visitei o Masp [Museu de Arte de São Paulo" e vi uma obra do [Rubens" Gerchman; foi uma porta para mim", recorda-se.
Grinspum é um dos mais bem-sucedidos casos de arte-educadora. Durante 17 anos ela coordenou a área educativa do museu Lasar Segall. No início deste ano, ela assumiu a direção da instituição, substituindo Marcelo Araujo, que tornou-se diretor da Pinacoteca do Estado.
"Aqui no museu realizamos um contraponto às grandes mostras, buscando uma atitude exemplar baseada em três pontos: visitas e material de qualidade, além de cursos de capacitação", afirma.
No mês passado, ela inaugurou um novo serviço de educação aos visitantes do museu. Palmtops são entregues ao público, que ao visitar a exposição pode apontar para as telas da exposição "Lasar Segall: Síntese de um Percurso" e receber informações contextualizadas sobre as obras.
O Lasar Segall e o Museu de Arte Contemporânea (MAC) da USP são as instituições que, de forma contínua, há mais tempo trabalham com arte-educação.
Já a arte-educadora e professora da USP Ana Mae Barbosa acredita que há uma contradição quando organizadores de exposições contam com as escolas para aumentar o público de seus eventos: "há uma enorme distância entre a organização das mostras e os setores de arte-educação. As publicações voltadas aos estudantes são, em geral, as menos bonitas e não há uma integração com a produção das mostras".
Para Barbosa, a arte-educação deve ser encarada como mediação cultural. "Por isso, os curadores deveriam trabalhar em conjunto com os arte-educadores". Mesmo assim, ela afirma que "todo esforço para facilitar a compreensão é válido; o importante é que haja continuidade".
Fundamental, diz Barbosa, "é que sempre o professor tenha uma preparação e receba material para trabalhar na escola; apenas após esse passo é que os alunos devem ser levados às exposições".
No ano passado, ela organizou uma mostra sobre o artista Alex Flemming, no Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo. "Toda a organização foi integrada, mesmo quando dirigi o MAC nunca isolei o arte-educador."
Em agosto, Barbosa organiza o curso "Arte e Educação e Cultura Contemporânea", na USP. As inscrições estão abertas e informações podem ser obtidas pelo telefone 0/xx/11/3091-4430. (FCY)



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