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Boa visitação pode ser "faca de dois gumes"
DA REPORTAGEM LOCAL
Segundo a diretora do Museu
Lasar Segall, Denise Grinspum, a
grande participação de estudantes nas exposições "é uma faca de
dois gumes". "Há pesquisas que
mostram que essas visitas podem
ser traumáticas. Às vezes, os estudantes lembram-se do trajeto do
ônibus, quem sentou-se ao seu lado, o que comeu, mas não se recordam da exposição", afirma a
diretora.
No entanto, Grinspun também
acredita que há um lado positivo e
cita sua própria história como
exemplo: "foi numa dessas excursões que visitei o Masp [Museu de
Arte de São Paulo" e vi uma obra
do [Rubens" Gerchman; foi uma
porta para mim", recorda-se.
Grinspum é um dos mais bem-sucedidos casos de arte-educadora. Durante 17 anos ela coordenou
a área educativa do museu Lasar
Segall. No início deste ano, ela assumiu a direção da instituição,
substituindo Marcelo Araujo, que
tornou-se diretor da Pinacoteca
do Estado.
"Aqui no museu realizamos um
contraponto às grandes mostras,
buscando uma atitude exemplar
baseada em três pontos: visitas e
material de qualidade, além de
cursos de capacitação", afirma.
No mês passado, ela inaugurou
um novo serviço de educação aos
visitantes do museu. Palmtops
são entregues ao público, que ao
visitar a exposição pode apontar
para as telas da exposição "Lasar
Segall: Síntese de um Percurso" e
receber informações contextualizadas sobre as obras.
O Lasar Segall e o Museu de Arte
Contemporânea (MAC) da USP
são as instituições que, de forma
contínua, há mais tempo trabalham com arte-educação.
Já a arte-educadora e professora
da USP Ana Mae Barbosa acredita
que há uma contradição quando
organizadores de exposições contam com as escolas para aumentar o público de seus eventos: "há
uma enorme distância entre a organização das mostras e os setores de arte-educação. As publicações voltadas aos estudantes são,
em geral, as menos bonitas e não
há uma integração com a produção das mostras".
Para Barbosa, a arte-educação
deve ser encarada como mediação cultural. "Por isso, os curadores deveriam trabalhar em conjunto com os arte-educadores".
Mesmo assim, ela afirma que "todo esforço para facilitar a compreensão é válido; o importante é
que haja continuidade".
Fundamental, diz Barbosa, "é
que sempre o professor tenha
uma preparação e receba material
para trabalhar na escola; apenas
após esse passo é que os alunos
devem ser levados às exposições".
No ano passado, ela organizou
uma mostra sobre o artista Alex
Flemming, no Centro Cultural
Banco do Brasil, em São Paulo.
"Toda a organização foi integrada, mesmo quando dirigi o MAC
nunca isolei o arte-educador."
Em agosto, Barbosa organiza o
curso "Arte e Educação e Cultura
Contemporânea", na USP. As inscrições estão abertas e informações podem ser obtidas pelo telefone 0/xx/11/3091-4430.
(FCY)
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