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Trajetória de Gal Costa conduz documentário sobre tropicalismo
Depoimentos e números musicais compõem especial exibido pelo DirecTV
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
É ambicioso o documentário
"Gal: do Tropicalismo aos Dias
de Hoje", que a DirecTV começa a exibir na próxima sexta-feira, às 12h. Procura, em dois
episódios de 70 minutos, fazer
correr lado a lado uma biografia
de Gal Costa e uma história do
tropicalismo.
A ambição fez com que os diretores Carlos Ebert e Marcello
Bartz colhessem um número
grande de depoimentos -mais
de 30. O resultado é um painel
amplo até demais, com falas excessivamente fragmentadas.
Mas serve, como metalinguagem proposital ou não, para
mostrar como é impossível traçar uma linha reta quando o
ponto de partida é a tropicália,
fragmentada por conceito.
"Para mim e para Gal, João
Gilberto era realmente tudo",
diz Caetano Veloso, abrindo
um trecho que é um dos momentos mais interessantes do
especial. "Bethânia, que estava
interessada em Roberto Carlos,
foi quem me falou: "Esse ambiente em que vocês vivem é
muito insalubre. Ali [na jovem
guarda] é que tem vitalidade'",
conta ele, que diz ter passado a
concordar com a irmã.
O "encontro" de Caetano e
Gilberto Gil com Roberto -e o
rock, as guitarras, a cultura pop,
a comunicação de massa, os
Mutantes etc.- foi um passo
importante para a arquitetura
do tropicalismo, em 1967. Tanto que é do Rei e de Erasmo
"Meu Nome É Gal", uma das
músicas-manifesto do movimento e, é claro, da cantora.
"Assim como a bossa nova,
com João Gilberto, o tropicalismo causou em mim uma mudança radical. E, desde o momento em que me tornei a musa do tropicalismo, sei que a importância se deu para ambas as
partes", diz Gal à Folha, por e-mail.
Como a cantora é a estrela do
documentário, muitos depoimentos são sobre ela. O diretor
teatral José Celso Martinez
Corrêa diz que "meu nome é
Gal!" é "o grito primal do tropicalismo". Tom Zé conta, endossado por relatos da própria Gal
e de Jorge Mautner, que a mãe
da baiana encomendou sua voz
quando estava grávida.
"Ela ficava com a mão na
barriga dizendo: "você vai ser
uma grande cantora, que voz
bonita eu estou encomendando para você'", encena Tom Zé.
Os diretores montaram uma
estrutura interessante para o
documentário. O primeiro episódio começa no útero da mãe
de Gal e vai até o tropicalismo.
O segundo começa dos dias de
"Hoje", disco com que a cantora marcou em 2005 seus 60
anos, e vai recuando até o tropicalismo.
Entre os depoimentos de Gil,
Chico Buarque, Bethânia,
Jards Macalé, Julio Medaglia e
muitos outros, há vários números musicais, alguns longos demais, a maioria gravados ao vivo em um show da cantora.
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