São Paulo, domingo, 23 de julho de 2006

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Depois de 30 anos, "pai" das listas chega ao Brasil

"O Livro das Listas" traz curiosidades em 15 categorias; edição tem itens locais

Com humor negro, o livro já vendeu mais de 8 milhões de cópias no mundo; listas de mortes e crimes insólitos são preferidas dos autores

EDUARDO SIMÕES
DA REPORTAGEM LOCAL

O norte-americano David Wallechinsky, 58, herdou do seu pai, Irving Wallace, a paixão pelas curiosidades "aos pedaços". Pai e filho lançaram em 1975 o livro "The Peoples" Almanac", cujo capítulo de maior sucesso era dedicado a listas. No ano seguinte surgia, das mãos de Wallechinsky e sua irmã, Amy Wallace, um famoso "rebento": a primeira edição de "O Livro da Listas".
Atualizado, o título ganhou edição brasileira da Record, com itens nacionais listados por Priscila Arida. O livro promete "uma coletânea das informações mais curiosas do mundo". Promessa que atraiu, até hoje, mais de 8 milhões de curiosos compradores pelo mundo. "Acho que as pessoas gostam tanto de listas porque o mundo moderno é complicado e a quantidade de informação disponível é espantosa. O formato das listas torna esta montanha de informações mais acessível", pondera Wallechinsky, em entrevista à Folha.

Afogando em listas
O próprio Wallechinsky ressalva que seu livro tornou o gênero popular, mas o fundador teria sido Nathaniel Wanley, que no distante ano de 1678 lançou o livro "Wonders of the Little World" [maravilhas do pequeno mundo], com tópicos parecidos com os seus. Como "sobre povos e nações castigados e afligidos por coisas pequenas e desprezíveis". Ou "sobre aqueles que foram extremamente irrefletidos, pródigos ou devassos na juventude e que posteriormente provaram ser excelentes pessoas."
Dedicado à memória do pai dos autores, "O Livro das Listas" traz seleções em 15 categorias: pessoas, artes, comida e saúde, trabalho e dinheiro, sexo, amor e casamento, crime, esportes e morte, entre outras.
As preferidas de Wallechinsky enumeram 24 mortes estranhas (entre elas a de uma tailandesa, eletrocutada quando demonstrava como a irmã morrera tentando não cair na lama, apoiando-se em um fio elétrico), 29 processos incomuns (um deles na Pensilvânia, nos EUA, contra satã, perdido pois o acusado não residia na cidade) e 19 ladrões idiotas (como um inglês que esqueceu de tirar a rolha de plástico de sua pistola de brinquedo num assalto a banco). Informações que, diz Wallechinsky, ele não acha facilmente na internet.
"Nestas categorias, o que se encontra na rede em geral não é verdade. As fontes da internet, embora muitas vezes facilitem o trabalho de compilação, não são sempre confiáveis. Uma boa fonte é o banco de dados Lexis-Nexis [site americano, pago, usado por jornalistas, advogados e pesquisadores, com 5 bilhões de documentos online]", conta o autor.
Wallechinsky e Amy Wallace dividem o trabalho de pesquisa de acordo com suas áreas de interesse: ele, por exemplo, adora esportes; ela sempre teve uma queda pelo mundo das celebridades. Ambos têm um interesse especial por, além de mortes e crimes insólitos, as listas sobre condições médicas incomuns e comida.
Os irmãos possuem alguns critérios básicos: é preciso haver ao menos três itens para compor uma lista. Há espaço para renovação, como o recente acréscimo de uma lista dos objetos mais estranhos já leiloados no site E-Bay. E mais: as curiosidades devem conter uma boa dose de humor negro. "Uma das mais curiosas é a das pessoas e animais que foram empalhadas. Você não pode imaginar como são populares. Os leitores não param de mandar adendos. Nós até encontramos um homem que garantia já ter jantado com o corpo embalsamado de Eva Perón", lista Amy Wallace.


O LIVRO DAS LISTAS
Autores:
David Wallechinsky e Amy Wallace
Tradução: Mirian Groeger e Sylvio Gonçalves
Editora: Record
Quanto: R$ 59,90 (464 págs.)


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