São Paulo, segunda-feira, 23 de julho de 2007

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Análise

Kassel traz multiplicidade da produção contemporânea

12ª edição da Documenta revive performances dos anos 1960 e 70 e traz diálogos inusitados, caso da americana Trisha Brown e da brasileira Iole de Freitas

FABIO CYPRIANO
ENVIADO ESPECIAL A KASSEL

A Documenta de Kassel, por ser a única exposição periódica com um longo tempo de preparação, tem apontado para novas tendências e consolidado práticas.
Nessa 12ª edição da mostra alemã, aberta no último dia 16 de junho -e que vai até 23 de setembro- , algumas marcas das últimas Documentas se repetem: um certo desprendimento do mercado, o foco em artistas com importância local mas desconhecidos do circuito tradicional - caso de Hélio Oiticica e Lygia Clark, há dez anos, agora acontece com artistas do leste europeu. É relevante a quantidade de trabalhos até então desconhecidos que são relacionados com a história da arte nos anos 60 e 70.
A revivificação desse momento, de início da prática de performances, da ação de coletivos, é uma marca dessa edição. Os curadores Roger Buergel e Ruth Noack fazem algo interessante. Não mostram registros de performances em fotos e vídeos do período, mas refazem as performances, caso de "O Chão da Floresta", criada em 1970 por Trisha Brown, agora repetida de hora em hora.
Os curadores tiveram uma mão forte. As paredes têm sempre alguma cor, as obras dispostas em espaços distintos, provocando diálogos inusitados, como a performance tão imaterial de Brown ao lado da instalação de Iole de Freitas.
Ainda existe um respeito pela diversidade, outro mérito da Documenta: a constatação de que a produção contemporânea é múltipla, e não se deve expor só uma poética. Porém, é no novo pavilhão Aue que se materializa umas das principais propostas: criar um espaço despojado e aconchegante, sem apelar para o espetacular, onde a arte está em primeiro plano.


12ª DOCUMENTA DE KASSEL
Avaliação:
ótimo


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