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Análise
Kassel traz multiplicidade da produção contemporânea
12ª edição da Documenta revive performances dos anos 1960 e 70 e traz diálogos inusitados, caso da americana Trisha Brown e da brasileira Iole de Freitas
FABIO CYPRIANO
ENVIADO ESPECIAL A KASSEL
A Documenta de Kassel,
por ser a única exposição periódica com um
longo tempo de preparação,
tem apontado para novas tendências e consolidado práticas.
Nessa 12ª edição da mostra
alemã, aberta no último dia 16
de junho -e que vai até 23 de
setembro- , algumas marcas
das últimas Documentas se repetem: um certo desprendimento do mercado, o foco em
artistas com importância local
mas desconhecidos do circuito
tradicional - caso de Hélio Oiticica e Lygia Clark, há dez
anos, agora acontece com artistas do leste europeu. É relevante a quantidade de trabalhos
até então desconhecidos que
são relacionados com a história
da arte nos anos 60 e 70.
A revivificação desse momento, de início da prática de
performances, da ação de coletivos, é uma marca dessa edição. Os curadores Roger Buergel e Ruth Noack fazem algo interessante. Não mostram registros de performances em fotos
e vídeos do período, mas refazem as performances, caso de
"O Chão da Floresta", criada
em 1970 por Trisha Brown,
agora repetida de hora em hora.
Os curadores tiveram uma
mão forte. As paredes têm sempre alguma cor, as obras dispostas em espaços distintos,
provocando diálogos inusitados, como a performance tão
imaterial de Brown ao lado da
instalação de Iole de Freitas.
Ainda existe um respeito pela diversidade, outro mérito da
Documenta: a constatação de
que a produção contemporânea é múltipla, e não se deve expor só uma poética. Porém, é no
novo pavilhão Aue que se materializa umas das principais propostas: criar um espaço despojado e aconchegante, sem apelar para o espetacular, onde a
arte está em primeiro plano.
12ª DOCUMENTA DE KASSEL
Avaliação: ótimo
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