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Crítica
"Tubarão" reflete medos do mundo hoje
PAULO SANTOS LIMA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Vejamos a primeira vítima de
"Tubarão" (AXN, 22h). Uma
assanhada mocinha que, após
puxar um fumo com os amigos
na praia, vai à água pelada, à espera de um cara que acabou de
conhecer.
O tubarão deste grande filme
de Steven Spielberg terá uma
ação repressiva, do pequenino
que burla o sistema de segurança ao intelectual que, estabanado, foge para o fundo do
mar enquanto o policial (outro
braço repressivo) faz seu trabalho, dando cabo do predador.
Nessa doutrina, a morte brutal
do rude pescador (um "proletário do mar"), aos berros e com
sangue espirrando da boca, faz
todo o sentido.
Este feroz animal era a tradução visual de uma ameaça
invisível, talvez inexistente.
Assombroso é que, hoje, diante
de fictícios ataques terroristas,
ou medos mesquinhos que legitimam, por exemplo, uma associação de bairro paulistano a
fechar suas ruas aos de fora,
não há dúvida de que o tubarão
que apavorou em 1975 continua em pleno nado livre, mais
vivo e voraz que nunca.
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