São Paulo, segunda-feira, 23 de julho de 2007

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Crítica

"Tubarão" reflete medos do mundo hoje

PAULO SANTOS LIMA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Vejamos a primeira vítima de "Tubarão" (AXN, 22h). Uma assanhada mocinha que, após puxar um fumo com os amigos na praia, vai à água pelada, à espera de um cara que acabou de conhecer.
O tubarão deste grande filme de Steven Spielberg terá uma ação repressiva, do pequenino que burla o sistema de segurança ao intelectual que, estabanado, foge para o fundo do mar enquanto o policial (outro braço repressivo) faz seu trabalho, dando cabo do predador. Nessa doutrina, a morte brutal do rude pescador (um "proletário do mar"), aos berros e com sangue espirrando da boca, faz todo o sentido.
Este feroz animal era a tradução visual de uma ameaça invisível, talvez inexistente. Assombroso é que, hoje, diante de fictícios ataques terroristas, ou medos mesquinhos que legitimam, por exemplo, uma associação de bairro paulistano a fechar suas ruas aos de fora, não há dúvida de que o tubarão que apavorou em 1975 continua em pleno nado livre, mais vivo e voraz que nunca.

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